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Máfias internacionais 'têm interesse de se instalar no Brasil', avalia ex-coronel da PM

© Folhapress / Nelson Antoine/UOLPoste e visto pichado com as siglas da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) na região conhecida como cracolândia, no bairro da Luz, no centro de São Paulo.
Poste e visto pichado com as siglas da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) na região conhecida como cracolândia, no bairro da Luz, no centro de São Paulo. - Sputnik Brasil
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Uma denúncia revelada no último domingo (25) apontou que a facção italiana 'Ndrangheta teria negociado a compra de armas do Brasil através de conexões com o Primeiro Comando da Capital (PCC), entre outras organizações criminosas da América Latina.

Uma reportagem publicada pelo UOL mostrou que o grupo mafioso 'Ndrangheta, da região italiana da Calábria, teria tido relações de tráfico de armas e drogas com o PCC. A informação surgiu a partir da análise de mais de 13,5 mil páginas do julgamento que teve início em setembro, em Roma, contra 452 pessoas acusadas de fazer parte da máfia italiana.

O coronel reformado da Polícia Militar do Estado de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública no governo Fernando Henrique Cardoso, José Vicente da Silva, disse à Sputnik Brasil que as autoridades brasileiras continuam pesquisando a atuação de máfias no país por conta da enorme exportação de drogas que sai do Brasil.

"Se calcula, sob uma base moderada, pelo menos 50 toneladas indo para a Europa e também para África, que tem um ponto de distribuição para a Europa. O PCC vem fazendo esse trabalho de importação da droga, mas tem outras entidades também, como o Comando Vermelho, o grande tráfico do Rio de Janeiro também compra dessas mesmas origens", afirmou o especialista em Segurança Pública.

De acordo com ele, há uma estimativa de uma compra de pelo menos 100 toneladas de drogas, da qual o Brasil consome metade, e a outra metade é exportada para outros países, o que "implica naturalmente em um grande esquema internacional".

José Vicente da Silva observou que "essas máfias têm o interesse de se instalar no Brasil", tendo em vista o frágil controle que o país tem em suas fronteiras.

"A questão que se coloca sobre a compra de armas no Brasil é que, sabidamente, o Brasil tem controles muito frágeis nas fronteiras. Há uma entrada muito grande de armas de guerra e elas acabam entrando nos contêineres da droga. Onde tem droga pode [passar] qualquer outra coisa irregular e ilegal, como é o caso das armas", argumentou.

"É importante lembrar que quando nós falamos de crime organizado, nós estamos falando de estruturas com uma distribuição de funções [...] É um sistema bastante complexo e implica em grandes organizações. O PCC é mais um fornecedor aqui do que uma grande organização nos termos europeus", acrescentou o coronel reformado.

O ex-secretário de Segurança Pública destacou também que o grande tráfico internacional ainda não foi gravemente afetado e é preciso que haja um trabalho maior de cooperação das polícias com a Receita Federal.

"É preciso fazer um refinamento aqui no Brasil com a Receita Federal, que ela faz todo o trabalho de fiscalização dos contêineres, e é com o trabalho da Receita Federal que se tem conseguido fazer um levantamento um pouco melhor das drogas que estão nos portos de exportação e também de importação", completou.

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