Por que os maias faziam sacrifícios em um banho de vapor? (FOTO)

© Foto / Pixabay / jtyoderTemplos maias (imagem referencial)
Templos maias (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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Arqueólogos encontraram um banho de vapor maia incomum do primeiro milénio d.C. na Guatemala, afirmando nunca terem visto nada parecido em toda a Mesoamérica.

Arqueólogos do Instituto de Pesquisa Tropical Smithsonian (STRI, na sigla em inglês), EUA, encontraram um temazcal, ou banhos de vapor, chamado Os Sapos em Xultún, na Guatemala. Os banhos de vapor eram utilizados para fins médicos e religiosos entre os povos indígenas da Mesoamérica, onde eram realizados procedimentos de desintoxicação através do vapor. Além disso, também eram purgados de pecados, 

O estudo publicado na revista Cambridge Archaeological Journal argumenta que a sauna não era mais que a encarnação de uma deusa anfíbia desconhecida. Fora do temazcal, os cientistas encontraram uma representação desta divindade maia do Período Clássico datada de 250 a 550 d.C. A divindade é representada de cócoras, com suas pernas adornadas com iguanas e sapos-cururu.

"Nenhuma outra estrutura na Mesoamérica, banho de vapor ou outra, se parece com este edifício. Parece que quando alguém entra pela frente desta estrutura é como se estivesse entrando na deusa anfíbia que personifica o banho de vapor", disse Ashley Sharpe, arqueóloga do STRI e coautora do estudo, segundo citada pelo jornal Express.

Os maias acreditavam que o mundo natural em que viviam estava cheio de seres sobrenaturais, com espíritos de seus antepassados ou divindades diferentes habitando objetos físicos.

O nome da divindade mítica que estava escrito na imagem não pôde ser decifrado, mas os cientistas propõem que ela representava os ciclos de gestação, já que os maias costumavam expressar o verbo "nascer" com o sinal de uma boca reptiliana invertida.

"O que vemos em Xultún é um exemplo onde esta deusa reptiliana, assim como as ideias e mitos que ela encarnou, são expressos em um lugar físico", diz a arqueóloga Mary Clarke, principal autora do estudo.

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Dentro do prédio, os cientistas encontraram restos de iguanas, sapos e outros animais e até mesmo ossos humanos. Assim, os maias fizeram sacrifícios dentro do mesmo temazcal, um fato nunca antes contemplado. É possível adivinhar as intenções do povo indígena de aplacar de alguma forma ou pedir ajuda à deusa, que ao longo da história maia esteve ligada à força vital da terra.

História da estrutura

O temazcal Os Sapos desempenhou um papel importante na comunidade Xultún durante cerca de 300 anos, mas por volta de 600 d.C. os maias preservaram o edifício ao enterrá-lo junto com uma oferta humana, cujo motivo é desconhecido.

Aproximadamente 300 anos depois, o templo da sauna foi usado novamente. Os cientistas encontraram várias oferendas desse período: o corpo de uma criança, restos de animais e aves, vários sapos-cururu e iguanas, bem como numerosas ferramentas de pedra e panelas de cerâmica.

As ofertas podem ter sido um último esforço dos maias para agradar à entidade sobrenatural e evitar perder suas terras, que foram abandonadas logo depois, por volta do colapso maia de 900 d.C.

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