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Governadores criticam Bolsonaro por suspender compra de vacina e falam em discurso ideológico

© Folhapress / Photo Press / Bruno EscolásticoEm São Paulo, o governador paulista, João Doria (PSDB), exibe uma dose da vacina chinesa contra a COVID-19, a Coronavac, em 30 de setembro de 2020
Em São Paulo, o governador paulista, João Doria (PSDB), exibe uma dose da vacina chinesa contra a COVID-19, a Coronavac, em 30 de setembro de 2020 - Sputnik Brasil
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Maranhense Flavio Dino diz que eles podem ir à Justiça para garantir acesso da população a vacinas seguras e defende decisão do ministro da Saúde.

Vários governadores foram às redes sociais nesta quarta-feira (21) para criticar a decisão e apoiar o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que anunciou na terça-feira (20) - inclusive a eles em reunião virtual - a intenção de compra para o estado de São Paulo de 46 milhões de doses da vacina desenvolvida na China pela empresa SinoVac com apoio do Instituto Butatan, de São Paulo, informou o jornal O Estado de São Paulo.

O presidente desautorizou publicamente Pazuello nesta manhã de quarta-feira (21) ao dizer que "a vacina chinesa não será comprada". E que só haverá aquisição de imunizantes que sejam testados em seus locais de origem e que tenham chancela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.

A reação dos governadores não demorou. Eles definiram a decisão do presidente de "política, eleitoral e ideológica". O governador maranhense, Flávio Dino (PCdoB), disse que Bolsonaro só foca em "palanque e guerra" e que o presidente quer fazer uma "guerra das vacinas". 

E falou ainda que os governadores podem ir ao Congresso Nacional e à Justiça para garantir à população o acesso a vacinas eficazes e seguras. Para ele, "saúde é um bem maior do que disputas ideológicas e eleitorais".

Para Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco, "a influência de qualquer ideologia em temas fundamentais, como a saúde, só prejudica a população". 

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), acredita que a decisão sobre qual vacina adotar "deve ser eminentemente técnica, e não política". 

Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, seguiu na linha de seus colegas ao dizer que "não há espaço para discussão sobre assuntos eleitorais ou ideológicos".

Camilo Santana (PT), do Ceará, defendeu que "não se pode jamais colocar posições ideológicas acima da preservação de vidas". E que os critérios têm que ser "técnicos".

Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte e também do PT, elogiou a decisão de Pazuello: 

"O que o povo brasileiro não pode e não deve aceitar é retrocesso! Que prevaleça a união e a responsabilidade com a defesa e a saúde das pessoas. E que o que foi pactuado ontem (terça-feira, 20) seja assegurado, que é a vacina gratuita para todas e todos os brasileiros", afirmou.

Outro petista, o governador Rui Costa, da Bahia, acha que o ministro da Saúde merece solidariedade e que ele "tomou medida sensata de garantir acesso à vacina de qualquer país para salvar vidas". 

Na Paraíba, João Azevedo (PSDB), se disse "perplexo" já que o Ministério anunciou ao governadores, à Fiocruz, ao Instituto Butatan e a representantes de municípios a intenção de compra e, a seguir, o presidente da República "em uma decisão impensada anuncia que não vai fazer a compra da vacina chinesa".

João Doria (PSDB), de São Paulo, que defende a obrigatoriedade da vacinação, disse em Brasília, após se reunir com parlamentares e com diretores da Anvisa, que Pazuello tem que ser aplaudido pela iniciativa. Tanto ele como Dino defenderam a credibilidade do Instituto Butatan. 

"É um patrimônio do povo brasileiro, fundado há mais de 100 anos, e merece respeito. É um grande fornecedor de vacinas ao Ministério da Saúde. Qual a autoridade de Bolsonaro para tentar desmoralizar uma instituição e seus cientistas?", indagou Dino em sua conta no Twitter.

A reação à decisão de Bolsonaro também alcançou a Câmara dos Deputados. Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, a deputada federal Jandira Feghali disse que o PCdoB e outros partidos vão entrar na Justiça.

"Estamos conversando com todos os partidos, não só da oposição. O mais importante é garantir a distribuição da vacina, não importa qual", afirmou a parlamentar.

Representantes da Ciência fazem coro para que a decisão seja técnica. Também em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o virologista Raphael Rangel, pesquisador do Núcleo de Doenças Infectocontagiosas da Unigranrio (Universidade do Grande Rio), entende que a produção da vacina está sendo polarizada.

"Quando estamos na bancada desenvolvendo uma vacina ou algum tipo de pesquisa, fazemos isso única e exclusivamente para salvar vidas, e não com partidos políticos", disse o professor do curso de Biomedicina do IBMR (Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação). 

Segundo Rangel, a vacina produzida pela SinoVac em parceria com o Butantan "tem mostrado resultados excelentes", com "pouquíssimas e brandas reações adversas".

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