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'Destruição da imagem do Brasil' pode ter impacto imensurável para turismo, acredita especialista

© Folhapress / Lalo de AlmeidaTuristas se banham em uma cachoeira do rio Mutum enquanto um incêndio florestal destrói a vegetação ao redor
Turistas se banham em uma cachoeira do rio Mutum enquanto um incêndio florestal destrói a vegetação ao redor - Sputnik Brasil
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Além de ser um dos setores mais impactados pela pandemia da COVID-19, o turismo no Brasil sofre um novo golpe com o drástico aumento das queimadas na Amazônia e no Pantanal. Empresários apontam queda de até 90% na atividade.

Não bastasse a pandemia do novo coronavírus, que causou uma restrição sem precedentes das viagens no Brasil e no mundo, agora são as queimadas na Amazônia e no Pantanal que geram um prejuízo ainda maior para o turismo no país.

A professora de Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, Mariana Aldrigui, em entrevista à Sputnik Brasil, afirmou que o setor enfrenta um "quadro trágico" diante da falta de uma direção clara por parte das autoridades.

"Uma coisa é falar que há números em recuperação do ponto de vista econômico [...] mas o que sustenta o verdadeiro turismo brasileiro em termos de movimentação econômica e impacto positivo dessa distribuição de renda está bastante comprometido porque as pessoas não podem viajar de avião, ou não deveriam ou estão adiando essas viagens, e o dinheiro acaba concentrado nas regiões mais ricas. A gente vai perceber este impacto negativo só daqui a 6-12 meses", argumentou.

De acordo com Mariana Aldrigui, que também atua como presidente do Conselho de Turismo da Fecomércio de São Paulo, um outro impacto que é "muito difícil de medir com números, mas fácil de entender", é a "destruição da imagem e da reputação do país". Ela observa que, embora o Brasil tenha paisagens inigualáveis e insubstituíveis, para um turista estrangeiro esses termos "não fazem muito sentido".

"Se eles [turistas] tinham planos de visitar a Amazônia e o Pantanal, eles provavelmente mudam o destino e passam a ir para o Peru ou trocam totalmente e vão para o Sudeste Asiático. Na mente de um turista o que importa é a experiência da viagem e não necessariamente a unicidade ou a exclusividade daquele destino ou daquela paisagem. Então temos esse impacto imensurável", destacou.

Ao comentar sobre as perspectivas de recuperação do setor, Mariana Aldrigui afirmou que esta recuperação já começou, mas faz a ressalva que, segundo dados estatísticos, houve um "retrocesso de praticamente 20 anos no volume de recursos gastos em turismo internacionalmente e esse retrocesso pode se recuperar entre três e quatro anos".

"Para cada setor há um horizonte. O setor das viagens aéreas aposta em 2023; o setor de hospedagens tem três cenários, entre 2022 e 2024; as agências de viagem não conseguem recuperar o prejuízo em hipótese nenhuma, então o que elas podem fazer é trabalhar para minimizar o impacto negativo desse período, mas não há essa leitura de recuperação do prejuízo", explicou a especialista.

Segundo a presidente do Conselho de Turismo da Fecomércio, no momento é preciso priorizar um grande programa para a questão ambiental que não esteja focado em turismo.

"A gente não pode priorizar turismo nesse momento. A gente tem que pensar sem dúvida na conservação dos espaços das espécies da flora e da fauna para que isto sobreviva para as próximas gerações [...] e a gente tem que entender se é possível retomar o turismo ou não", completou.

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