Pandemia agrava quadro social na Argentina e pobreza afeta 40,9% da população

© AP Photo / Natacha PisarenkoManifestante pede o fim da quarentena na Argentina imposta em função do coronavírus
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Pesquisa do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (INDEC) afirma que 40,9% da população do país vive em condição de pobreza, o que representa aumento de 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Número de indigentes também cresceu no país, e chegou a 4,5 milhões de pessoas

Segundo o INDEC, a pandemia de COVID-19 e suas consequências socioeconômicas seguem causando problemas para os argentinos. O estudo intitulado "Incidência de pobreza e indigência em 31 aglomerados urbanos", publicado na tarde de quarta-feira (30), indica que cerca de 18,5 milhões de pessoas vivem em condições de dificuldade para comprar alimentos e outros itens considerados essenciais. Atualmente, ganhar o equivalente a mil dólares por mês (5.470 reais) já é suficiente para entrar na faixa dos 3% mais rico do país.

​O relatório também verificou que o percentual de domicílios abaixo da linha da pobreza teve um crescimento de 5% em relação ao ano passado, e atingiu 30,4% das residências. Outro dado alarmante apontado pela pesquisa é o avanço da pobreza entre a população mais jovem: 56,3% das pessoas até 14 anos são pobres, número que representou um aumento de 3,7% em relação a junho de 2019.

Crise Econômica

Em setembro, o INDEC verificou que a economia argentina encolheu 19,1% no segundo trimestre de 2020, contração que superou a sofrida no primeiro trimestre de 2001 (queda de 16,3%), causada pelo colapso da economia do país em razão da paridade entre o peso e o dólar.

O ministro da Economia, Martín Guzmán, prevê para o Orçamento de 2021 um crescimento de 5,5% na economia para o próximo ano. O déficit orçamentário, no entanto, pode configurar um entrave para nos planos do Ministro. Em função da pandemia, o déficit no orçamento argentino, segundo o INDEC, pode fechar o ano em 10% do PIB; Guzman quer reduzi-lo a 4,5% em 2021.

Há, todavia, um porém: serão necessários ajustes em uma situação fiscal delicada. Estima-se que 35,8% dos trabalhadores argentinos estejam na "informalidade" e alheios ao pagamento de impostos. A atividade econômica no país, assim como em grande parte do mundo, segue com retrações, situação que agrava o quadro econômico. Em abril, no primeiro mês completo sob quarentena, a atividade econômica apresentou uma retração de 26,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Foi o pior resultado da história.

De acordo com o INDEC, o dado de abril antecipou o que será o terceiro ano de queda consecutiva do PIB na Argentina, com uma previsão negativa de menos 10 pontos. A ONU também calculou uma queda de 10%, mas consultorias privadas locais estimam que pode ser até de 12%. Comparativamente, na crise de 2002, a economia argentina caiu 10,9%.

Uma recuperação econômica sempre é possível, mas há problemas no horizonte: o governo de Alberto Fernández necessita reestruturar a dívida argentina com credores privados, estimada em 66 bilhões de dólares (R$ 372 bilhões). Apenas na gestão de Mauricio Macri, o país recebeu do FMI cerca de 44 bilhões de dólares (R$ 248 bilhões).

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