Micróbios peculiares poderiam explicar como vida surgiu na Terra sem oxigênio

© Foto / Pixabay / sbtlneetImagem de micróbios
Imagem de micróbios - Sputnik Brasil
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A vida surgiu no planeta há 3,7 bilhões de anos, diz o principal autor da pesquisa, que teoriza que o arsênio foi fundamental nesse papel durante muitas centenas de milhões de anos.

O oxigênio, substância imprescindível para vida na Terra, não existia no planeta há cerca de 2,3 bilhões de anos, pelo que muitos cientistas têm se debruçado sobre como os seres vivos sobreviviam antes disso, e se há locais a seguir o mesmo fenômeno nos dias de hoje, escreve o portal Phys.org.

A vida existir na Terra há pelo menos 3,7 bilhões de anos em forma de estromatólitos fazendo fotossíntese da luz levou uma equipe de pesquisadores a estudar um lago chamado Laguna La Brava no deserto do Atacama, no Chile, onde habitava um grupo de micróbios em condições adversas. "Trabalho com esteiras microbianas há cerca de 35 anos", diz o geocientista Pieter Visscher, da Universidade de Connecticut, EUA, e principal autor do estudo publicado na revista Communications Earth and Environment. "Este é o único sistema na Terra onde eu pude encontrar uma esteira microbiana que funcionava absolutamente na ausência de oxigênio."

© Foto / Rodrigo OteroPesquisadores da Universidade do Chile e do Museu de História Natural e Cultural do Deserto de Atacama no sítio
Micróbios peculiares poderiam explicar como vida surgiu na Terra sem oxigênio - Sputnik Brasil
Pesquisadores da Universidade do Chile e do Museu de História Natural e Cultural do Deserto de Atacama no sítio

Se for descoberto que esses seres vivos vivem exclusivamente de um material que não seja oxigênio, seriam evidência da sobrevivência de formas de vida sem o químico desde o período inicial de nosso planeta, ou pelo menos de uma forma que poderia teoricamente viver nesse período.

Há muito tempo, ferro, enxofre e hidrogênio tinham sido propostos como possíveis substitutos ao oxigênio na história inicial do planeta, mas enfrentam contestação, incluindo do próprio coautor do estudo. A arsenotrofia foi descoberta em 2005 no Lago Searles e no Lago Mono da Califórnia hipersalinos, dando azo à possibilidade de ser essa a substância química que outrora sustentava a vida. Desde então, os estromatólitos da Formação Tumbiana (composta por séries de arenitos calcários e micáceos) na Austrália Ocidental revelaram que aprisionar a luz e o arsênico já foi um modo válido de fotossíntese há muitas centenas de milhões de anos.

Em 2019, pesquisadores descobriram uma forma de vida abundante no oceano Pacífico que também respira arsênico. Além disso, os próprios micróbios de Laguna La Brava se parecem com uma bactéria de enxofre roxo chamada Ectothiorhodospira sp., encontrada recentemente em um lago rico em arsênico no estado de Nevada, EUA, e que parece ser fotossintetizada pela oxidação do arsenita composto em uma forma diferente, o arsenato. Ainda não se sabe se essas formas de vidas metabolizam arsenita, mas é sugerido que a corrente de água em volta esteja fortemente carregada de sulfeto de hidrogênio e arsênico. 

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