Conheça 5 vacinas que cientistas russos ofereceram ao mundo antes da Sputnik V

© Sputnik / Vladimir Pesnya / Acessar o banco de imagensTeste e produção de vacina contra a COVID-19 na Rússia
Teste e produção de vacina contra a COVID-19 na Rússia - Sputnik Brasil
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Os cientistas russos contribuíram para a eliminação de diversas doenças infecciosas no passado, seja independentemente, seja aperfeiçoando vacinas anteriores.

Os cientistas russos há décadas que dão contribuições importantes para a luta contra diversas doenças infecciosas.

A última façanha foi realizada na terça-feira (11), quando a Rússia se tornou o primeiro país no mundo a registrar uma vacina contra o vírus SARS-CoV-2, que provoca a COVID-19.

Este vírus já infectou pelo menos 21 milhões de pessoas no mundo e levou a vida de mais de 770.000 pessoas, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, EUA.

A Sputnik V utiliza um vetor do adenovírus humano morto contendo a proteína S do SARS-CoV-2 (responsável pela ligação do vírus com a célula humana) e cria uma resposta imunológica no organismo. A imunidade pode durar dois anos, segundo o Ministério da Saúde da Rússia.

No passado, virólogos russos estiveram envolvidos na erradicação de algumas das doenças mais graves.

Encefalite

O virólogo Lev Zilber realizou uma expedição ao Extremo Oriente da URSS em 1937, onde houve surtos de uma doença que afetava o sistema nervoso central, caracterizada por alta mortalidade, e que dificultava a exploração da região.

Depois de Anatoly Smorodintsev, um dos membros da expedição, ter determinado que a causa da doença era o vírus da encefalite, transmitido por carrapatos, em 1938 começou em Moscou o trabalho para o desenvolvimento de uma vacina. Naquele ano foi organizada uma segunda missão à região remota do país, para obter mais dados sobre a transmissão da doença e sua influência sobre o organismo humano.

Após juntar os dados de ambos os projetos, Anatoly Smorodintsev e a viróloga Elizaveta Levkovich lideraram o desenvolvimento da vacina em 1939, sendo também os primeiros a aplicá-la em si próprios.

Carbúnculo

A doença do carbúnculo (ou antraz) é causada por uma bactéria chamada bacillus anthracis, havendo quatro estirpes com sintomas diferentes. Embora desde 1881 existissem algumas vacinas para o carbúnculo, elas eram apenas aplicáveis aos animais.

© AP Photo / Marco di LauroGarrafa de encefalite, ou antraz (imagem referencial)
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Garrafa de encefalite, ou antraz (imagem referencial)

Assim, seria necessário esperar até 1940 para que a vacina criada pelo microbiólogo e químico francês Louis Pasteur deixasse de ser exclusiva ao reino dos animais. Nesse ano, Nikolai Ginsburg e Aleksandr Tamarin, dois cientistas do Instituto Técnico Sanitário do Exército Vermelho, desenvolveram uma vacina com qual as pessoas poderiam ser inoculadas.

Poliomielite

Nos meados do séc. XX houve pelo mundo afora surtos de poliomielite, causada pelo poliovírus, que afeta principalmente o sistema nervoso das crianças. Como resultado, houve uma "corrida" de vacinas para curar a infeção.

Em 1955, o virólogo norte-americano Jonas Salk desenvolveu uma vacina usando um vírus morto. Além disso, Albert Sabin, outro virólogo dos EUA, também criou uma versão oral, que usava um poliovírus atenuado, mas não pôde aplicá-la nos EUA devido ao sucesso da versão de Salk.

Como resultado, os virólogos Sabin e Mikhail Chumakov decidiram continuar o desenvolvimento da vacina em Moscou, no Instituto de Poliomielite e Encefalite Viral da Academia de Ciências Médicas da URSS, entre 1956 e 1960, onde, além dos dois, também participaram Marina Voroshilova e Anatoly Smorodintsev.

Após os testes iniciais, que tiveram sucesso, a vacina foi distribuída nas regiões mais afetadas da URSS, onde morriam milhares de crianças por ano, e a epidemia terminou em cerca de um ano e meio no país.

© Sputnik / Ramil Sitdikov / Acessar o banco de imagensUma das etapas do procedimento da preparação da vacina pelos cientistas do Insituto Gamaleya
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Uma das etapas do procedimento da preparação da vacina pelos cientistas do Insituto Gamaleya

Mais tarde, a vacina foi exportada para mais de 60 países pelo mundo afora, incluindo os EUA, e continua sendo modelo de referência internacionalmente.

Ebola

Depois que a febre hemorrágica ebola, provocado pelo ebolavírus, foi declarada epidemia pela Organização Mundial da Saúde em março de 2014, foram iniciadas medidas para reduzir a alta mortalidade da doença na África, que varia entre 25% e 90%.

O Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, em Moscou, criou duas vacinas na época, uma das quais foi aplicada na Guiné.

Em 2019, o Centro Estatal de Pesquisa de Virologia e Biotecnologia Vektor, em Novossibirsk, Sibéria, desenvolveu uma vacina com eficácia superior à das ocidentais, devido à ausência de efeitos colaterais, alta segurança, facilidade de uso, armazenamento e transporte.

É "a vacina mais segura e menos reatogênica produzida no mundo", assegurou o Serviço Federal de Defesa dos Direitos dos Consumidores e Bem-Estar Humano da Rússia (Rospotrebnadzor).

MERS-CoV

A doença, detectada em 2012 e provocada por um coronavírus que infeta humanos, morcegos e camelos, ainda não tem vacina, mas Aleksandr Guintsburg, que dirige o Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, anunciou em 3 de agosto que os testes têm decorrido com sucesso, e que está planejado terminarem no final de 2020.

Além disso, em 23 de julho, Denis Logunov, vice-diretor do departamento científico da entidade, revelou que foi o desenvolvimento da vacina contra o MERS-CoV que permitiu acelerar a criação da vacina Sputnik V para o SARS-CoV-2, devido às semelhanças entre os dois tipos de coronavírus.

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