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Fracasso brasileiro contra COVID-19 deve 'aumentar resistência' a acordo entre Mercosul e UE

© REUTERS / Adriano MachadoJair Bolsonaro come cachorro quente em Brasília durante pandemia de coronavírus. Foto de 23 de maio de 2020.
Jair Bolsonaro come cachorro quente em Brasília durante pandemia de coronavírus. Foto de 23 de maio de 2020. - Sputnik Brasil
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O já ameaçado acordo comercial entre União Europeia e Mercosul ganhou mais um adversário: a gestão brasileira da pandemia de coronavírus. A avaliação é de especialista ouvida pela Sputnik Brasil.

Apresentado como trunfo da diplomacia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o acordo entre os dois blocos comerciais precisa antes ser aprovado pelos governos dos países e por órgãos da União Europeia. Alguns setores europeus, contudo, apresentam resistência ao pacto. A ministra do Ambiente da França, Élisabeth Borne, já chegou a afirmar que não assinará o acordo "com um país que não respeita a floresta amazônica, que não respeita o Acordo de Paris".

Para Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais da ESPM, o descontrole da pandemia de coronavírus no Brasil deve "aumentar a resistência", embora as questões ambientais continuem como um obstáculo maior. 

"O que a gente vai ver é cada vez mais pressões de grupos contrários à agenda de comércio que vão usar qualquer elemento e ponto negativo sobre o governo brasileiro. Então, a má gestão do governo do coronavírus amplia [o espaço para questionamentos], é mais um ponto para a visão negativa do Brasil, mas ela está junto com um conjunto de outros fatores e de uma visão, nos últimos anos, acredito que uma das visões mais negativas do Brasil no exterior. A gente tem uma série de fatores que pesam negativamente e esse vai ser mais um", diz Holzhacker. 

O jornal britânico e voz influente dos mercados globalizados Financial Times chegou a batizar Bolsonaro de "Capitão Corona". O epidemiologista Didier Pittet, escolhido pela França para avaliar a gestão da pandemia pelas autoridades locais, afirmou em entrevista ao UOL que Brasil, Estados Unidos e México "devem ser considerados como perigos para o restante do mundo".

Os três países citados por Pittet lideram a lista de óbitos causados pelo coronavírus — e também são governados por líderes que menosprezaram a gravidade da COVID-19.

© AP Photo / Evan VucciJair Bolsonaro recebe de Donald Trump camisa da seleção norte-americana de futebol, Casa Branca, Washington, 19 de março de 2019
Fracasso brasileiro contra COVID-19 deve 'aumentar resistência' a acordo entre Mercosul e UE - Sputnik Brasil
Jair Bolsonaro recebe de Donald Trump camisa da seleção norte-americana de futebol, Casa Branca, Washington, 19 de março de 2019

A professora da ESPM ressalta que embora os três países citados pelo cientista tenham resultados negativos no enfrentamento ao coronavírus, suas situações são diferentes. Os Estados Unidos, ao contrário dos emergentes México e Brasil, têm um mercado interno mais forte e pode ter melhores condições para enfrentar o atual cenário de fronteiras fechadas e protecionismo.

"O governo americano tem menos limitações que os governos tanto de México e Brasil, que têm limites de uso de recursos e gestão fiscal distintas, capacidades de fazer aportes econômicos muito diferentes, esse é outro fator", diz Holzhacker.
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