Evidências sugerem superpotência semítica no norte da antiga Europa (FOTOS)

© Foto / Pixabay / Drahunkas Cartago, município em Tunis, na Tunísia (foto referencial)
Cartago, município em Tunis, na Tunísia (foto referencial) - Sputnik Brasil
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Pesquisadores descobrem surpreendente conexão de mais de dois mil anos entre o Império Cartaginês e o povo primitivo germânico do norte da antiga Europa.

A cidade de Cartago, na Tunísia moderna, foi fundada no século IX a.C. pelos fenícios. O Império Cartaginês assumiu o antigo papel desempenhado pelos fenícios, criando sua própria esfera de influência desde o Mediterrâneo, no leste, até o Atlântico, no oeste, e mais para a África, no sul. O império foi destruído em 146 a.C. após uma luta épica contra os romanos.

A presença dos cartagineses na Península Ibérica está bem documentada, e é comumente assumido que eles mantiveram relações comerciais com as Ilhas Britânicas. Mas geralmente não se acredita que eles tenham tido uma presença física permanente no norte da Europa.

Em um artigo publicado no portal científico The Conversation, o professor universitário australiano Robert Mailhammer relatou ter feito uma descoberta surpreendente com o pesquisador Theo Vennemann.

"A língua pode ser uma importante fonte de conhecimento histórico. As palavras podem contar histórias sobre seus falantes, mesmo que não haja evidências materiais de arqueologia ou genética. As muitas palavras latinas iniciais em inglês, tais como 'street', 'wine' e 'wall', são provas da influência da civilização romana", escreve Mailhammer.

Ao estudarem a origem de palavras-chave de línguas germânicas, os pesquisadores encontraram vestígios de uma superpotência semítica no norte da Europa.

História linguística

Púnica era a língua dos cartagineses. É uma língua semítica e relacionada ao hebraico. No entanto, poucos textos nessa língua chegaram aos nossos dias, por isso os pesquisadores muitas vezes recorrem ao hebraico para suprir as lacunas.

O protogermânico era falado no que é hoje o norte da Alemanha e sul da Escandinávia há mais de 2.000 anos, sendo o ancestral das línguas germânicas contemporâneas, como o inglês, alemão, norueguês e holandês.

A identificação de vestígios de púnico em línguas protogermânicas revela evidências surpreendentes.

Segundo os pesquisadores, as palavras germânicas "shilling" e "penny" referentes a moedas têm origem púnica.

Shilling deriva de shekel – uma das principais moedas cunhadas em Cartago e que ainda é hoje a moeda de Israel.

Já a palavra "penny" deriva da palavra púnica para "face", pane. As moedas púnicas eram cunhadas com a face da deusa Tanit, pelo que Mailhammer defende que pane teria sido uma moeda cartaginesa.

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Esta combinação de idiomas em uma palavra mostra que os primeiros povos germânicos devem ter sido familiarizados com o púnico.

Domínio cultural e social

O compartilhamento de nomes para moedas poderia ter sido fruto de relações comerciais.

Contudo, os pesquisadores, estudando outras palavras, sugerem que os cartagineses e os primeiros povos germânicos tinham uma relação muito mais estreita do que se poderia pensar.

Analisando a raiz etimológica de palavras relacionadas quer com instrumentos agrícolas quer com estatuto social, os pesquisadores concluíram que os cartagineses eram cultural e socialmente dominantes.

Intersecções de língua e cultura

Os pesquisadores anunciam ter descoberto que o púnico também influenciou fortemente a gramática do início do germânico, a mitologia germânica e o alfabeto rúnico usado nas inscrições em línguas germânicas, até a Idade Média.

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Estas novas evidências sugerem que muitas pessoas germânicas aprenderam a língua púnica e trabalharam para os cartagineses, casaram-se com eles e tiveram filhos bilíngues e biculturais.

Quando Cartago foi destruída, esta conexão acabou se perdendo. Mas os traços desta superpotência semita permanecem nos idiomas germânicos modernos, em sua cultura e em suas letras antigas.

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