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Maia x Bolsonaro: quem ganha a 'briga' do auxílio emergencial brasileiro?

© Folhapress / Pedro LadeiraPresidente Jair Bolsonaro participa, ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de solenidade de posse nos novos procuradores do Ministério Público
Presidente Jair Bolsonaro participa, ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de solenidade de posse nos novos procuradores do Ministério Público - Sputnik Brasil
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Em meio à pandemia e a poucos meses das eleições, o presidente da República e o da Câmara dos Deputados encontram um novo ponto de atrito político, que, segundo especialista ouvido pela Sputnik, pode custar vidas.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, iniciaram uma nova queda de braço nas últimas semanas, em torno da ampliação do auxílio emergencial que o governo tem dado para diferentes grupos de trabalhadores afetados pela pandemia. Enquanto o parlamentar vem defendendo a ampliação da medida por mais três meses, no mesmo valor, o chefe de Estado afirma que sua equipe econômica só está disposta a pagar mais duas parcelas do auxílio e em um valor menor do que os R$ 600 que têm sido pagos.

No último sábado (20), como já havia feito outras vezes, Maia manifestou publicamente o interesse de prorrogar por até três meses o atual auxílio, nos valores atuais, afirmando que sua posição teria respaldo de outros deputados. Na segunda-feira (22), no entanto, Bolsonaro descartou mais uma vez essa possibilidade, dizendo que os custos da manutenção nesses termos seriam demasiadamente altos para a União.

Para o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a prorrogação do auxílio no valor de R$ 600 "é absolutamente imperiosa". Em entrevista à Sputnik Brasil, ele afirma que, dada a amplitude da atual crise econômica em que o país se encontra, essa ajuda tem um caráter de sobrevivência para uma grande parcela da população, que não tem acesso a qualquer outra fonte de renda. ​

"Nós estamos às portas de uma grave crise social, de uma convulsão social, se esse auxílio não for estendido. Nós não estamos falando de um benefício indevido, estamos falando de uma renda necessária à sobrevivência de muitas famílias. Temos que lembrar que o Brasil tem 40% da população ocupada em atividades de caráter informal, que não dão qualquer garantia de continuidade da relação de trabalho." 

O especialista explica que, ainda que haja uma reabertura gradual da economia, do comércio, dos serviços, as coisas ainda levarão tempo para voltarem ao normal.

"As pessoas que têm a renda vão direcionar esses recursos para compra de mantimentos e despesas de primeira necessidade. Então, mesmo com a abertura do comércio, é pouco provável que as vendas cresçam. Muitos trabalhadores vivem puramente de comissão, sem qualquer tipo de salário fixo na carteira. Isso significa que sem o auxílio emergencial, muitas pessoas, simplesmente, vão passar fome." 

Monteiro acredita que, no atual estágio de outra crise que também vem afetando o Brasil, a política, o presidente Bolsonaro tem pouca margem de manobra para entrar em uma queda de braço com o Congresso. Mesmo alegando dificuldades financeiras, o governo federal, segundo o acadêmico "tem amplos meios de política econômica para absorver esse impacto".

"Então, o governo federal tem recursos, sim, é capaz de absorver essa despesa. E o custo político dessa disputa é amplamente desfavorável ao presidente, que vai sair, se fizer essa disputa, como vilão da história", opina.

O cientista político lembra ainda que a aproximação do período pré-eleitoral também deve impactar o posicionamento dos deputados em relação ao auxílio, já que muitos têm interesses diretos ou indiretos nas eleições municipais e não gostariam de ver sua popularidade ameaçada por uma decisão que poderia prejudicar milhões de pessoas.  

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