Macron acusa Turquia de realizar 'jogo perigoso' na Líbia

© REUTERS / Christophe Petit TessonO presidente francês Emmanuel Macron durante uma coletiva de imprensa conjunta
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O presidente francês criticou Ancara pelo papel que tem desempenhado no país norte-africano, sublinhando a necessidade de acabar o envolvimento estrangeiro na Líbia, e voltando a criticar a OTAN.

O presidente francês, Emmanuel Macron, censurou Ancara por seu envolvimento na Líbia.

"A Turquia está jogando um jogo perigoso na Líbia, e eu disse isso ao presidente [Recep Tayyip] Erdogan", afirmou o líder francês no final das negociações com o presidente tunisiano Kais Saied.

As ações da Turquia, disse Macron, segundo a agência Reuters, contradizem as obrigações assumidas na conferência de 19 de janeiro em Berlim.

Macron reiterou o posicionamento francês, pedindo um cessar-fogo de todos os lados do conflito.

"Discutimos juntos a situação regional e os riscos associados ao recente desenvolvimento da crise na Líbia. A França e a Tunísia, juntas, exigem que as partes em conflito cessem o fogo e cumpram seus compromissos de retomar as negociações aprovadas no âmbito da ONU", declarou.

Ele também enfatizou a necessidade de pôr um fim à interferência estrangeira na situação da Líbia.

'Morte cerebral' da OTAN

A França acusou os militares turcos de comportamento agressivo no Mediterrâneo, mostrado quando os franceses tentaram inspecionar um navio de carga que se dirigia à Líbia sob a proteção da Marinha turca.

Ancara rejeitou as acusações, dizendo que era o navio francês que realizava manobras perigosas.

O presidente francês acredita que o recente incidente entre as fragatas turcas e uma francesa na costa da Líbia é um sinal da "morte cerebral" da OTAN.

"Quando olho para o que aconteceu na semana passada sob o comando da OTAN na costa da Líbia, acho inaceitável. E remeto vocês para as declarações que fiz no final do ano passado sobre a 'morte cerebral' da OTAN", disse Macron, chamando a situação de inaceitável.

No início de novembro do ano passado, Macron garantiu em entrevista à revista The Economist que é testemunha de algo que chamou de "morte cerebral da Aliança", já que dentro do bloco militar não há coordenação estratégica entre as decisões dos EUA e as dos outros aliados.

Na ocasião, a chanceler alemã Angela Merkel e o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, expressaram desacordo com as palavras do presidente francês.

História recente da Líbia

A Líbia permanece em crise desde a queda de seu líder de décadas, Muammar Kadhafi, em 2011, o que levou a violentos confrontos entre facções rivais.

© AP Photo / Christophe EnaEx-presidente francês Nicolas Sarkozy com antigo líder da Líbia, Muammar Kadhafi, durante a visita deste a Paris (foto de arquivo)
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Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy com antigo líder da Líbia, Muammar Kadhafi, durante a visita deste a Paris (foto de arquivo)

Existe atualmente uma dualidade de poderes no país: o governo interino com o parlamento de Tobruk, que controla a parte oriental e é apoiado pelo Exército Nacional Líbio (LNA, na sigla em inglês), é liderado pelo marechal Khalifa Haftar, e o Governo do Acordo Nacional (GNA, na sigla em inglês), apoiado pela ONU, é liderado por Fayez al-Sarraj, com sede em Trípoli, no noroeste do país.

No início de abril de 2019, a Líbia entrou em uma nova espiral de violência depois que o LNA de Haftar iniciou uma ofensiva para livrar Trípoli dos "terroristas".

Forças leais ao governo al-Sarraj responderam com a Operação Vulcão da Ira contra as tropas do marechal.

Em 3 de junho, as tropas da GNA, apoiadas pela Turquia, anunciaram que haviam recuperado completamente o controle sobre Trípoli.

No dia 6 de junho, o Cairo sediou um encontro entre o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi, o presidente do Parlamento líbio (assentado em Tobruk, Aguila Saleh) e Haftar, no final do qual foi anunciada uma nova iniciativa de paz que prevê uma trégua em todo o território líbio, a retirada das forças estrangeiras e o desarmamento dos grupos armados.

A iniciativa foi apoiada pela Rússia, Estados Unidos e vários países árabes, incluindo a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, enquanto o governo de Trípoli e a Turquia a rejeitaram.

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