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Política externa de 'país pária' pode custar caro ao Brasil no futuro, alerta professor

© Folhapress / Paulo Guereta / Photo PremiumChanceler Ernesto Araújo ao lado do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo
Chanceler Ernesto Araújo ao lado do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo - Sputnik Brasil
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O Brasil decidiu ficar de fora de mais uma iniciativa internacional. Desta vez, de 132 países contra a desinformação em meio à pandemia da COVID-19. Para discutir o assunto, a Sputnik Brasil ouviu o professor Wagner Menezes, que critica a decisão e que ela contribui para imagem de 'país pária'.

O governo de Jair Bolsonaro foi o único entre os países da América do Sul que não aderiu à iniciativa que chamou o problema da desinformação de "infodemia". O documento internacional também elogia as ações da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a pandemia da COVID-19, conforme publicou o jornalista Jamil Chade em sua coluna no site UOL.

Wagner Menezes, presidente da Academia Brasileira de Direito Internacional e professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), lamenta o posicionamento do governo brasileiro e acredita que a opção tenha sido política.

"Eu acredito que o governo brasileiro tenha optado por ficar de fora desse processo por uma questão de orientação política, de posição política em relação a esse cenário", avalia a o professor da USP em entrevista à Sputnik Brasil.

Menezes lamenta a posição do governo e espera que apesar da decisão da administração federal, que as instituições sigam adotando medidas que coíbam a veiculação de notícias falsas no Brasil.

"É lamentável essa letargia do governo brasileiro em participar de movimentos internacionais que se comprometem e comprometem o Estado brasileiro a adotar políticas efetivas no combate a notícias fantasiosas que acabam iludindo posições, que acabam orientando as pessoas no sentido pejorativo de despertar paixões e ódios em razão a certos questionamentos", afirma.

O professor relembra um episódio recente em que o Brasil se recusou a participar de uma iniciativa internacional de colaboração para a pesquisa da vacina da COVID-19 e afirma que essa posição contínua na política externa pode prejudicar o Brasil.

"O Brasil vai se transformando no plano internacional, no que toca à política externa brasileira, em um país pária, em um país que não participa das atividades coletivas. E da mesma forma que nós não somos solidários a outros povos, a outras sociedades, me parece que quando o Brasil mais precisar também, nós não teremos essa solidariedade", diz o professor.

Governo Bolsonaro confia demais nos EUA e esquece multilateralismo

Para o pesquisador, a política externa do governo Bolsonaro está confiando em excesso na diplomacia dos Estados Unidos e deixando de lado elementos importantes da política internacional.

"Acho que a política externa está confiando muito em uma posição vinculada aos Estados Unidos e está descartando um processo importante na política de relações internacionais, que é o multilateralismo aberto, aberto a todas as comunidades, a todos os povos. Isso para nós é uma vergonha, sem dúvida nenhuma", assevera o professor.
© AP Photo / Alex Brandon / FilePresidentes Jair Bolsonaro (Brasil) e Donald Trump (EUA) posam para fotos antes de jantar em Mar-a-Lago, na Flórida
Política externa de 'país pária' pode custar caro ao Brasil no futuro, alerta professor - Sputnik Brasil
Presidentes Jair Bolsonaro (Brasil) e Donald Trump (EUA) posam para fotos antes de jantar em Mar-a-Lago, na Flórida

Menezes ressalta também que o atual posicionamento internacional do Brasil vai na direção contrária dos princípios defendidos historicamente pelo país no plano das relações exteriores.

"A imagem externa do Brasil fica afetada. O Brasil sempre adotou uma política propositiva no plano internacional, inclusive tem como princípio a cooperação dos povos para o progresso da humanidade. É lamentável constitucionalmente, juridicamente, moralmente, eticamente, a não participação do Brasil nessas iniciativas internacionais, que não trazem qualquer tipo de prejuízo para o Estado brasileiro. Pelo contrário, contribuem para a proteção da sociedade brasileira", conclui.
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