Destruidor de armadas: pequeno mas poderoso navio lança-mísseis já está em testes na Rússia

© Sputnik / Aleksandr GalperinNavio porta-mísseis Burya do projeto 22800 antes do lançamento no estaleiro Pella na região de Leningrado (São Petersburgo)
Navio porta-mísseis Burya do projeto 22800 antes do lançamento no estaleiro Pella na região de Leningrado (São Petersburgo) - Sputnik Brasil
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A nova corveta lança-mísseis da Marinha russa já está em fase de testes de mar. Batizada de Odintsovo, é um pequeno navio da classe Karakurt, mas com poder de fogo análogo a destróieres e cruzadores.

A classe Karakurt (Projeto 22800) é a mais recente classe de corvetas russas em construção.

Depois de completado o treinamento da tripulação no centro da Marinha em São Petersburgo e os testes de doca para verificação dos sistemas de suporte de vida, radionavegação e comunicação, assim como a usina termelétrica do navio, a nova corveta está pronta para os testes de mar.

As corvetas da classe Karakurt distinguem-se por uma melhor capacidade de navegação, manobrabilidade e por estarem equipadas com armas avançadas.

No total, a Marinha russa receberá 18 destes navios porta-mísseis de pequeno calado (MRK, na sigla em russo), que serão distribuídos entre as frotas do Báltico, Mar Negro e Pacífico.

Versão naval do Pantsir

O Projeto 22800 Karakurt começou a ser desenvolvido na década de 2010, tendo o primeiro protótipo sido concluído em 2015.

São pequenas corvetas com 70 metros de comprimento, 11 metros de largura e com um deslocamento total de apenas 870 toneladas.

Devido à maior capacidade de manobra e navegabilidade, estes navios podem operar não apenas no mar Cáspio, que é pouco profundo, mas também nos oceanos, tendo 15 dias de autonomia de navegação e até 2.500 milhas náuticas de alcance (4.630 quilômetros).

© Sputnik / Aleksei DanichevNavio porta-mísseis Sovetsk do projeto 22800 durante o ensaio para o desfile do Dia da Marinha Russa em São Petersburgo
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Navio porta-mísseis Sovetsk do projeto 22800 durante o ensaio para o desfile do Dia da Marinha Russa em São Petersburgo

Esta nova classe de navios tem melhor proteção e possui uma poderosa defesa antiaérea.

Na sua construção é usada tecnologia stealth, que permite às embarcações não serem detectadas por radares, sendo por isso quase invisíveis.

A partir da Odintsovo, todas as demais corvetas desta classe serão equipadas com uma versão naval do sistema de mísseis antiaéreos e artilharia Pantsir, destinado a atingir aviões, helicópteros, mísseis anti-navio, bem como evitar voos de reconhecimento e ataques por drones.

A versão naval do Pantsir pode igualmente atingir alvos terrestres. A estação de radar Mineral-M monitoriza a situação à superfície, indica alvos e permite interação com outros navios.

Capacidades

Uma das peculiaridades das corvetas Karakurt é serem capazes de atingir navios de superfície tanto em cooperação com outras forças da frota como de forma independente.

Podem atacar instalações inimigas na zona costeira, prevenir ações de sabotagem e operações terroristas, resgatar tripulações de navios em perigo e ajudar a Guarda de Fronteiras.

O ex-comandante da Frota do Mar Negro, almirante Vladimir Komoyedov, observou em conversa com a Sputnik que, em comparação ao período soviético, as missões destes navios são agora mais complexas.

"É difícil chamá-los de pequenas corvetas, embora em tamanho sejam realmente pequenos. Armados com mísseis de longo alcance, eles podem agir a nível operacional e até mesmo participar de ações estratégicas se for preciso destruir alvos importantes, como instalações de comando", disse o almirante.

Para Komoyedov, a principal vantagem dos Karakurt sobre outros navios são as suas pequenas dimensões e, consequentemente, sua baixa visibilidade.

© Sputnik / Aleksei DanichevNavio porta-mísseis do projeto 22800 Sovetsk no desfile naval dedicado ao Dia da Marinha em São Petersburgo
Destruidor de armadas: pequeno mas poderoso navio lança-mísseis já está em testes na Rússia - Sputnik Brasil
Navio porta-mísseis do projeto 22800 Sovetsk no desfile naval dedicado ao Dia da Marinha em São Petersburgo

Segundo o almirante, dada a localização geográfica da Rússia, pequenos navios de mísseis são ideais para tarefas de combate local na periferia e para cobrir a costa.

"Não temos acesso aos oceanos. O único lugar é a Kamchatka", explica o almirante, "pelo que esses pequenos navios e suas armas podem resolver problemas [por exemplo] no mar Mediterrâneo", assinalou o almirante.

Kalibr, seu principal argumento

As armas destas corvetas não são inferiores às de navios de guerra de maior calado. O seu principal "argumento" é o lançador vertical para oito mísseis de cruzeiro supersônicos Kalibr.

Estes mísseis conseguem destruir navios de superfície a uma distância de cerca de quinhentos quilômetros. Voando em uma trajetória predeterminada e a uma altitude extremamente baixa de 10-15 metros acima da água, superam quaisquer sistemas de defesa aérea.

Os Kalibr podem atingir cruzadores e destróieres durante o dia, à noite e até mesmo sob condições de contra-ataque eletrônico.

Estratégia de contenção

Nos próximos anos, a Marinha russa receberá 18 destes navios.

De acordo com Viktor Murakhovsky, editor-chefe da revista militar Arsenal Otechestva, a construção destes navios está relacionada com o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), recentemente abandonado pelos EUA.

"Quando o tratado ainda estava em vigor, a Rússia só podia instalar mísseis de cruzeiro em meios marítimos e aéreos", disse o especialista, explicando a aposta nos MRKs equipados com a família de mísseis Kalibr.

Assim, prevê Murakhovsky, a construção destas corvetas vai desacelerar no futuro, por o limite de alcance para mísseis balísticos ter sido eliminado com o fim do tratado.

"Nas condições atuais, não estando o tratado mais em vigor, do ponto de vista econômico e militar, é mais eficaz formar brigadas de mísseis nas Forças Terrestres", concluiu o especialista.

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