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Economista explica por que 'não vai haver entrada de capitais novos' no Brasil

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O presidente do Banco Central do Brasil afirmou que a saída de capital estrangeiro do país durante a pandemia é maior que a média observada em países emergentes, e que o Brasil por enquanto não poderá contar com investimentos de fora.

Nas palavras do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, a fuga de capitais do Brasil vem se acentuando desde fevereiro, mês no qual aumentaram pelo mundo os casos de infecção com o novo coronavírus.

Em março, quando a doença se instalou no Brasil, de acordo com informações oficiais, foram retirados do país 21,3 bilhões de dólares. Em abril foram retirados 6,6 bilhões de dólares.

Para Maria Beatriz de Albuquerque David, economista, professora da Faculdade de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a influência do novo coronavírus sobre a saída do capital estrangeiro é importante, porém não seria única.

"Realizar algumas reformas não basta para a retomada da economia. E a retomada, mesmo antes do coronavírus, estava muito lenta", disse Maria Beatriz de Albuquerque David à Sputnik Brasil.

A economista acrescentou que os investidores somente têm interesse em atuar em um determinado país quando "as oportunidades são boas e não há riscos". Ou quando o risco compensa.

Dessa forma "como as taxas de retorno de capital pelo lado dos juros, que estão decrescentes no Brasil" estaria baixa, a atração que o Brasil já teve, não existe mais.

"Se com isso, além da crise sanitária, a gente tem instabilidade política e nenhuma perspectiva de retorno ao crescimento econômico sustentável, isso faz com que normalmente os capitais se retirem do país. Isso já vinha acontecendo e tende a se acelerar", alertou a professora da UERJ.

A interlocutora da Sputnik Brasil apontou que, em seus recentes discursos, as autoridades como o presidente do Banco Central e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, reconheceram a crescente fuga de capitais. Desse modo, os setores do governo já reconhecem que "contar com capital estrangeiro para alavancar a economia não vai ser possível nessas condições de risco elevado e baixa rentabilidade".

Para Maria Beatriz de Albuquerque David, a queda nas exportações de petróleo, resultante de "medidas tomadas há dois ou três anos" impossibilita investimentos de risco nessa área. Do seu ponto de vista, a área que poderia mais atrair investimentos seria o setor de infraestrutura.

"Infraestrutura poderia atrair investimentos de risco se as condições de rentabilidade fossem mais claras", avalia a especialista, acrescentando que as perspectivas não são boas.

"Enquanto a gente tiver baixas perspectivas de retomada da economia e elevação de risco com rentabilidade decrescente do capital não vai haver entrada de capitais novos. A tendência é de que, em momento de risco, os capitais se voltem para investimentos mais seguros, como os títulos do governo americano", concluiu.
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