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Ajuda a estados e municípios na pandemia reflete estratégia de Bolsonaro para 2022, diz especialista

© AP Photo / Eraldo PeresPanfleto promovendo a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência do Brasil, na véspera das eleições de 2018
Panfleto promovendo a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência do Brasil, na véspera das eleições de 2018 - Sputnik Brasil
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O Senado Federal aprovou neste sábado (2), por unanimidade e em sessão virtual, o pacote de R$ 120 bilhões de ajuda aos estados e municípios em razão da crise econômica provocada pela pandemia de COVID-19.

Desse montante, R$ 60 bi são de repasse direto para o caixa de governadores e prefeitos. Agora o projeto deverá ser votado na Câmara dos Deputados. Se for alterado, volta ao Senado, para só então ir à sanção do presidente Bolsonaro.

Para o cientista político e diretor do Instituto Brasilis, Alberto Carlos Almeida, é importante notar as mudanças que o pacote de ajuda sofreu no Senado.

"Antes, a proposta votada e aprovada pela Câmara era proporcional à perda do ICMS e de outros impostos, e beneficiava fortemente Rio, São Paulo e Minas Gerais. O Senado revisou essa proposta e fez um cálculo mais complexo, levou em consideração a população e a arrecadação dos estados, mas também o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e o Fundo de Participação dos Estados (FPE)", disse o analista para Sputnik Brasil.

Essa alteração na Câmara Alta deixa de beneficiar estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, os três de maior população, mas estende uma generosa mão para o Nordeste, evidenciando uma escolha política do presidente.

"Isso pode ser visto como uma antecipação, uma atenção maior, para a corrida eleitoral de 2022. Bolsonaro está querendo beneficiar o Nordeste, porque o Nordeste tem os governadores do PT. Os quatro governadores do PT são todos do Nordeste, e Bolsonaro não quer beneficiar os concorrentes dele na raia da direita, que seriam [Wilson] Witzel (PSC) e [João] Dória (PSDB)", explicou o cientista político.

Para Carlos Almeida, as eleições de 2022 serão disputadas em "duas semifinais". De um lado, "se Bolsonaro não for deposto até lá", uma partida entre a direita com atual presidente enfrentando um outro candidato, possivelmente Dória. Do outro lado, seria a semifinal das esquerdas, com o PT disputando contra vários candidatos como Ciro Gomes (PDT) e Flávio Dino (PCdoB).

O especialista acredita que, do lado da esquerda o "PT leva vantagem porque ficou entre os dois candidatos mais votados desde 1989". Os votos do PT, em particular no Nordeste, costumam ser o suficiente para colocar o partido no segundo turno. Considerando esse cenário, o entrevistado supõe que Bolsonaro voltou a escalar o PT para o papel de seu principal inimigo político em 2022.

"Quando o Senado aprova algo mais equilibrado, do ponto de vista da Federação, ele está sim, agradando Bolsonaro. Porque está retirando pelo menos um pouco de recursos de Rio de Janeiro e de São Paulo e está direcionando esses recursos para os estados nos quais o PT e a esquerda são mais forte, e que é o oponente que Bolsonaro resolveu enfrentar", disse o professor.

"É uma decisão federativa do Senado. A decisão dessa maioria agrada a decisão de Bolsonaro para 2022", concluiu.

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