Pesquisadores propõem método paradoxal de tratamento da COVID-19

© Sputnik / Maksim Bogodvid / Acessar o banco de imagensPreparação de injeção no âmbito dos estudos de vacina contra o novo coronavírus na Universidade Federal de Kazan, Rússia (imagem referencial)
Preparação de injeção no âmbito dos estudos de vacina contra o novo coronavírus na Universidade Federal de Kazan, Rússia (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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Atrasar a resposta imunológica dos pacientes nos estágios iniciais da COVID-19 é o método, aparentemente paradoxal, proposto por equipe de pesquisadores.

Cientistas do Departamento de Microbiologia Molecular e Imunologia da Faculdade de Medicina Keck da Universidade da Califórnia do Sul encontraram uma nova maneira de combater a COVID-19: suprimir temporariamente a imunidade dos pacientes nos estágios iniciais da doença para evitar sintomas graves.

O estudo, publicado no 1º de maio no Journal of Medical Virology, conclui que uma interação entre as duas principais linhas de defesa do corpo, a imunidade inata e adquirida, pode levar a uma sobrecarga do sistema imunológico em alguns pacientes.

© REUTERS / Dado RuvicFrasco rotulado com adesivo de vacina contra COVID-19 (imagem ilustrativa)
Pesquisadores propõem método paradoxal de tratamento da COVID-19 - Sputnik Brasil
Frasco rotulado com adesivo de vacina contra COVID-19 (imagem ilustrativa)

Usando um modelo matemático, e comparando a resposta imunológica do organismo quer à COVID-19 quer à gripe, observaram que o aparecimento de uma doença viral provoca a entrada imediata em ação da imunidade inata, que destrói a infecção e as "células-alvo" danificadas pelo vírus, como se fossem tropas de infantaria perseguindo um invasor estrangeiro.

Se a infecção persistir, então a imunidade adquirida entra em ação alguns dias depois, mobilizando uma variedade de forças especiais como as células T ou B, assinala o estudo.

Imunidade adquirida se ativa demasiado cedo

No caso da COVID-19, que tem uma progressão mais lenta que a gripe, a imunidade adquirida é acionada ainda antes que as células-alvo sejam eliminadas no trato respiratório superior.

Este fato não permite que a imunidade inata mate rapidamente a maioria dos vírus e leva a uma sobrecarga do sistema imunológico.

"A atividade viral prolongada pode desencadear uma reação excessiva do sistema imunológico chamada de tempestade de citocinas, que mata células saudáveis e danifica tecidos", refere um dos autores do estudo, Weiming Yuan.

A sobreposição das respostas imunitárias inatas e adquiridas também pode explicar por que alguns pacientes com COVID-19 experimentam duas ondas da doença, parecendo inicialmente melhorar para depois piorar.

"O efeito combinado de respostas imunitárias adquiridas e inatas pode reverter temporariamente o vírus. Entretanto, se o vírus não for completamente eliminado e as células alvo se regenerarem, o vírus pode atingir outro pico", observa o autor principal do estudo, Sean Du.

Imunossupressores para regular resposta imunológica

Os cientistas propõem por essa razão o uso de medicamentos imunossupressores nos estágios iniciais da doença para prevenir esta interposição de respostas imunológicas.

"Seremos capazes de retardar a resposta imunitária adquirida e evitar que ela interfira no funcionamento da imunidade inata, permitindo que o vírus e as células infectadas sejam eliminados mais rapidamente", afirmou Sean Du.

Alguns estudos na China, incluindo um sobre a SARS de 2003 e um estudo recente sobre doentes com COVID-19, mostraram que as pessoas que receberam medicamentos imunossupressores, como os corticosteroides, apresentaram melhores resultados do que aquelas que não os tomaram.

Os pesquisadores se propõem agora medir diariamente a carga viral e outros biomarcadores em pacientes com a doença COVID-19 para confirmar os resultados de seus cálculos.

Além disso, apelam a que se façam ensaios pré-clínicos adicionais, incluindo experimentos em modelos animais, para estudar a eficácia de tal tratamento imunossupressor precoce.

De acordo com os dados hoje (3) divulgados pela Universidade Johns Hopkins, à escala mundial o número de infectados com o novo coronavírus SARS-CoV-2 é de 3.428.490, havendo a registrar 243.837 óbitos.

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