Por que EUA decidiram reduzir seus porta-aviões pelo mundo afora?

© Foto / Marinha dos EUA/MC2 Anthony J. RiveraPorta-aviões USS Theodore Roosevelt atravessa oceano Pacífico, conduzindo operações rotineiras no Pacífico Leste (imagem de arquivo)
Porta-aviões USS Theodore Roosevelt atravessa oceano Pacífico, conduzindo operações rotineiras no Pacífico Leste (imagem de arquivo) - Sputnik Brasil
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Washington decidiu reduzir o número de porta-aviões na área do Oriente Médio e Pacífico e, em vez disso, destacar estas embarcações só "em caso de emergência".

Recentemente, o Pentágono propôs reduzir o número de porta-aviões e eliminar dois destes navios, como parte da otimização da frota naval. O Departamento de Defesa dos EUA tem afirmado repetidamente que é hora de apostar em outros tipos de armas navais.

A decisão de sucatear dois porta-aviões vai mudar a estratégia da Marinha dos EUA ao redor do mundo, afirma o portal Defense News. Até agora, os norte-americanos podiam estar constantemente presentes nos principais oceanos, mas, no futuro, os grupos de ataque atuarão apenas à medida da necessidade.

"O modelo de implantação existente foi projetado para 15 porta-aviões", disse aos repórteres o oficial aposentado da Marinha e especialista do Grupo Telemus, Jerry Hendrix.

"Com nove porta-aviões, é possível utilizar seis ou sete de cada vez, já que os outros ficarão em manutenção nos portos. Isto significa que a Marinha passará de uma presença permanente desta classe de navios no Oriente Médio e Pacífico para destacamentos periódicos com tarefas específicas, ou em caso de emergência", explicou.

CC BY 2.0 / Marinha dos EUA / Marinha dos EUAPorta-aviões americano USS Harry S. Truman
Por que EUA decidiram reduzir seus porta-aviões pelo mundo afora? - Sputnik Brasil
Porta-aviões americano USS Harry S. Truman

Segundo o especialista, os comandantes militares dos EUA em diferentes partes do mundo poderão receber apoio de grupos de ataque de porta-aviões conforme necessário ou quando estiverem prontos para a sua implantação.

O chefe do Pentágono, Mark Esper, disse em março que estava interessado em forças navais menores. A nova estrutura da Marinha nos próximos meses irá ser testada em exercícios e manobras, e será finalmente aprovada em julho-setembro. Entretanto, a diminuição do número de porta-aviões não significa o fim de sua era.

"A discussão sobre os porta-aviões muitas vezes é reduzida a uma questão binária: deve haver zero, ou deve haver 11?", disse Mark Esper. "Em primeiro lugar, não sei. Acho que estes navios são muito importantes. Eles demonstram o poder americano, o prestígio, atraem a atenção das pessoas, são um importante dissuasor, nos dão grandes possibilidades".

Mais fragatas

Os especialistas militares entrevistados pela Sputnik concordam que os analistas do Pentágono decidiram reduzir a frota de porta-aviões devido ao aparecimento de novos sistemas antinavio na Rússia e na China.

Neste mês, foi divulgado que o promissor míssil hipersônico Zircon entrará em serviço da Marinha da Rússia em 2022. Atualmente a arma está sendo testada: estão previstos cerca de dez lançamentos a partir de diferentes plataformas.

É esperado que o alcance do míssil seja superior ao das aeronaves embarcadas dos porta-aviões norte-americanos, com uma velocidade de cerca de Mach 9. Isso o tornará invulnerável às defesas navais. A revista National Interest acredita que o Zircon é capaz de provocar um enorme rombo em qualquer porta-aviões.

Nessas circunstâncias, o Pentágono pretende claramente apostar em navios menores. Segundo o Defense News, o número de cruzadores e destróieres permanecerá no nível atual, com cerca de 90 unidades, mas haverá mais navios de menor deslocamento.

CC0 / Governo federal dos EUA / USS Decatur (DDG-73)Destróier norte-americano USS Decatur
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Destróier norte-americano USS Decatur

Neste momento a Marinha dos EUA tem 20 navios costeiros, fragatas da classe Freedom e Independence. Está previsto que os navios deste tipo devam aumentar para 55-70 unidades.

Mas a inovação mais importante é a utilização em massa de sistemas de pequena envergadura e embarcações não pilotadas. Mark Esper acredita que o futuro está nos drones navais, pois é muito mais fácil e rápido construí-los. Ele estima que, se o desenvolvimento de sistemas avançados correr conforme o planejado, até 2030 a Marinha dos EUA terá mais de 350 drones navais de superfície.

"Deve haver muitos sistemas não tripulados na frota", disse o comandante da Marinha dos EUA, almirante Michael Guildy, no final de 2019. "Não conseguiremos navios de guerra suficientes por dois bilhões de dólares cada um. [...] Precisamos mudar a maneira de pensar".

'Holandeses voadores'

Nos EUA, estão sendo simultaneamente implementados vários projetos de navios não-tripulados. De acordo com os planos, a Marinha acrescentará três classes de robôs: navios pesados de superfície com armas pesadas, drones navais de média envergadura para inteligência e guerra eletrônica, e veículos autônomos leves para montar minas e expandir a área de sistemas de comunicação.

Em 2020 o Pentágono espera receber dois dos maiores navios do projeto LUSV (Grande Embarcação de Superfície Não Tripulada). Com um deslocamento de duas mil toneladas, eles terão o tamanho de uma corveta.

No início, os LUSV serão usados em conjunto com navios de guerra convencionais e desempenharão o papel de plataforma de mísseis. Mais tarde, esses navios não tripulados serão capazes de agir de forma independente e terão uma autonomia de 90 dias.

Em outubro de 2018, a Marinha dos EUA publicou no site de aquisições do governo do Pentágono uma lista de requisitos para um promissor Veículo de Superfície Não Tripulado Médio (MUSV, Medium Unmanned Surface Vehicle). Com um comprimento entre 12 e 50 metros, é comparável ao navio russo de contra-sabotagem Grachonok.

De acordo com aos requisitos, o convés do MUSV deve ter largura suficiente para acomodar dois contêineres padrão, um com 12 metros e outro com seis. A velocidade máxima calculada do drone naval em condições de bom tempo é entre 45 e 50 km/h, enquanto a velocidade de um cruzador convencional é de cerca 30 km/h.

O alcance é de 8,3 mil quilômetros, com 60-90 dias de navegação autônoma. O equipamento funcionará com combustível diesel da norma F-76 da OTAN, o que significa que pode ser reabastecido nas bases navais dos aliados europeus dos Estados Unidos. A potência do motor é de 300 a 500 quilowatts.

A principal exigência feita aos desenvolvedores do projeto é a máxima autonomia. O drone pode ser controlado remotamente por uma pessoa durante todo o percurso. O MUSV é um sistema de reconhecimento não tripulado, capaz de seguir o rastro de navios e grupos navais durante muito tempo.

É também capaz de realizar tarefas de guerra eletrônica e reconhecimento radiotécnico. O Pentágono espera obter os primeiros veículos deste tipo já neste ano.

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