Para Evo Morales, Estados Unidos deveriam aprender com a Rússia a ser solidários

© AP Photo / Eduardo VerdugoMandatário deposto da Bolívia, Evo Morales, concede entrevista na Cidade do México, na noite do dia 14 de novembro de 2019 (foto de arquivo)
Mandatário deposto da Bolívia, Evo Morales, concede entrevista na Cidade do México, na noite do dia 14 de novembro de 2019 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Exilado na Argentina, o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, apelou à humanidade, à união das comunidades e ao reforço do Estado e da solidariedade internacional para combater a pandemia.

Em um momento histórico para Bolívia, América Latina e mundo, a integração e a cooperação entre os cidadãos e a comunidade internacional são os vetores necessários para colocar a vida, a saúde e a paz acima dos ganhos econômicos e políticos, defendeu Evo Morales em entrevista à Sputnik.

"Neste momento, o que mais precisamos é de unidade. Devido às profundas diferenças ideológicas, programáticas, econômicas, sociais e culturais, a América Latina não consegue se unir para enfrentar conjuntamente esta pandemia", prosseguiu o ex-presidente boliviano.

Estado social

O ex-líder aymara lamentou que, nos últimos anos, os líderes tenham privilegiado de novo as políticas neoliberais, a privatização dos serviços básicos, optado por regressar aos mercados livres e à concorrência implacável, além da pilhagem dos recursos naturais, tudo para servir os interesses dos EUA.

"O mundo está demonstrando a importância da presença do Estado. Aqui estão dois modelos. Estamos vendo países com uma orientação socialista, ou seja, governos que estão com os seus povos, enfrentando com muito sucesso o coronavírus, enquanto países com um sistema capitalista privilegiam mais a economia do que a vida. A saúde não pode ser uma mercadoria", declarou veementemente Morales.

O deposto presidente afirmou ainda que esta crise sanitária internacional mostra a derrota da liderança ideológica dos EUA, e que com esta pandemia o mundo mudou, apelando, assim, a uma profunda reflexão de carácter pessoal, familiar, nacional, regional e intercontinental quer sobre o sentido de comunidade, baseado em um respeito pelas diferenças, quer sobre a vida e a humanidade.

"Os EUA devem suspender a sua política de bloqueio econômico e de intervenção em países como a Venezuela, Cuba e Irã e devem aprender com a Rússia que, [mesmo] tendo diferenças ideológicas e políticas, oferece sua ajuda aos [norte-]americanos", disse Morales, acrescentando que deveriam escutar as Nações Unidas e o Papa Francisco, quando afirmaram que deveremos "trabalhar em conjunto porque a pandemia não respeita ninguém, ataca todos igualmente".

Solidariedade

O ex-líder do Movimento para o Socialismo (MAS, na sigla em espanhol) apelou a um aprofundamento dos sistemas de troca de produtos, como o desenvolvido na Bolívia entre diferentes regiões do país, desde as zonas rurais até os setores urbanos, ou de intercâmbio entre vizinhos, ou seja, um modo de vida onde prevalece a solidariedade e a complementaridade, como ensina o modo de vida indígena.

Morales lamentou profundamente que na Bolívia o governo interino não proporcione ajuda aos mais afetados pela pandemia, às pessoas que com as semanas sucessivas de quarentena perderam o seu trabalho e suas fontes de rendimento ou o pequeno capital com que subsistiam, principalmente nas zonas urbanas pobres.

"Uma crise alimentar não pode ser acrescentada à crise sanitária e econômica. O governo não tem permitido a entrada de produtos agrícolas na cidade, perdendo o produtor e o consumidor, porque os preços sobem em todas as cidades. Têm de conceder empréstimos com juros de 0%. A pandemia ameaça a vida, mas o programa econômico do governo interino também, gerando fome", continuou Morales.

Evo Morales destacou ainda o trabalho de solidariedade da militância política de jovens e adultos dos bairros, que organizam recolhas de donativos e fazem sopas para alimentar a população mais vulnerável, bem como a colaboração de governadores e prefeitos do MAS, que contribuem com grandes porcentagens de seus salários para ajudar os mais necessitados.

"É importante pedir aos meus irmãos e irmãs, sejam eles do campo ou da cidade, jovens ou adultos, uma maior unidade, solidariedade e responsabilidade, especialmente com as pessoas mais humildes, não só na Bolívia, mas em todo o mundo. Somos todos filhos da Mãe Terra, de Pachamama ou do planeta, devemos fortalecer a fraternidade, a amizade e a harmonia", concluiu a entrevista.

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