História do Homo erectus é reescrita graças a crânio achado na África do Sul (FOTOS)

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Crânio (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Descoberta do topo de um crânio na África do Sul reescreve a história do Homo erectus, colocando seu surgimento entre 150.000 e 200.000 anos mais cedo do que se pensava, e muito mais a sul.

Em um estudo publicado em 3 de abril na revista Sciencemag, uma equipe internacional de cerca de 30 cientistas de cinco países, comunicou a descoberta e datação de um pedaço do crânio de um Homo erectus, que uma vez mais reescreve a complexa história de nossos antepassados e a história evolutiva de nossa espécie.

Tudo aconteceu no lugar rico em fósseis de Drimolen, na África do Sul, considerado Patrimônio Mundial da UNESCO, e como resultado de anos de escavações.

Sou um felizardo por fazer parte desta incrível equipe de pesquisadores! A ciência é espetacular e os cientistas são brilhantes e bem-vindos

O fóssil foi encontrado fragmentado em centenas de pedacinhos, que os cientistas tiveram de unir pacientemente. O pedaço de crânio mostrou ser de um rapaz provavelmente de idade compreendida entre os três e os seis anos, dando aos cientistas um vislumbre raro do crescimento e desenvolvimento infantil destes primeiros antepassados humanos.

"Ninguém podia saber a que espécie pertenciam até juntarmos todas as peças e descobrirmos que se tratava de um hominídeo. Ou melhor, o topo de um crânio de um hominídeo", escreve a coautora Stephanie Baker, do Instituto de Estudos Paleontológicos da Universidade de Joanesburgo, na África do Sul.

O local é rico em fósseis de hominídeos, pelo que o passo seguinte dos cientistas foi identificar a espécie. O crânio foi atribuído ao Homo erectus e datado de dois milhões de anos.

Análise em alta resolução do crânio encontrado no sítio de fósseis de Drimolen permitiu recuar a datação de espécimes de Homo erectus em outros locais dentro e fora da África em, pelo menos, 100.000 a 200.000 anos

Os cientistas recorreram a sofisticadas técnicas de datação, incluindo técnicas de datação paleomagnética, ressonância paramagnética eletrônica, datação radiométrica e de análise da fauna.

"A idade do crânio mostra que o Homo erectus existiu entre 150.000 e 200.000 anos mais cedo do que se pensava", observou Andy Herries, autor principal do estudo, líder do projeto e chefe do Departamento de Arqueologia e História da Universidade de La Trobe, na Austrália.

Sendo o Homo erectus um dos nossos antepassados diretos, a descoberta tem implicações significativas para a nossa história evolutiva. O achado, adianta o estudo, mostra que o Homo erectus é possivelmente originário da África Austral, significando que mais tarde se deslocaram para norte, para a África Oriental, e de lá povoaram o resto do mundo.

Esta novidade científica tem outras implicações, a de haver três espécies primitivas de antepassados humanos vivendo ao mesmo tempo na África Austral.

Conheça o nosso novo Homo erectus bebê de 2 milhões de anos de idade, de Drimolen, na África do Sul, o mais antigo do mundo, estudo publicado recentemente na Science por Herries e colegas

Ao contrário da situação atual, em que somos a única espécie humana, há dois milhões de anos o nosso antepassado direto não estava sozinho.

"Agora podemos dizer que o Homo erectus partilhou o seu habitat com dois outros tipos de hominídeos na África do Sul, Paranthropus e australopitecos", escreve Herries, opinando ainda que ocupariam diferentes territórios para evitar competir uns com os outros, tantos mais que eram muito diferentes entre si.

"O Paranthropus robustus era mais baixo que o Homo erectus e o australopitecos, alimentando-se de raízes e tubérculos, por isso seus dentes eram realmente grandes", explica Baker.

O homo erectus era o mais alto dos três, comendo alimentos mais fáceis de digerir, tais como frutas e bagas. Também ingeria carne, mas os pesquisadores ainda desconhecem como caçavam.

Gary Schartwz, outro coautor, refere que "o que é realmente emocionante é a descoberta de que durante este mesmo pedaço estreito de tempo, há cerca de dois milhões de anos, haver três tipos muito diferentes de antepassados humanos partilhando uma pequena área".

Os trabalhos de campo vão continuar em Drimolen, com expansão das escavações para analisar camadas mais antigas da caverna.

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