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Relação do Brasil com EUA é tão frágil que governo acatará possível suspensão de voos, diz analista

© Foto / Agência Brasil / Alan Santos / PRPresidente brasileiro, Jair Bolsonaro, se encontra com o então presidente norte-americano, Donald Trump, em Miami
Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, se encontra com o então presidente norte-americano, Donald Trump, em Miami - Sputnik Brasil
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Devido à fragilidade da diplomacia brasileira em relação ao EUA e de sua falta de poder de negociação, governo do Brasil teria que acatar decisão como suspensão de voos, disse analista à Sputnik Brasil.

Na terça-feira (31), o presidente estadunidense, Donald Trump, disse que considerava adicionar o Brasil à lista de países que têm a entrada vetada nos EUA para evitar a disseminação da COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus. 

No dia seguinte, o presidente Jair Bolsonaro contou que conversou com Trump pelo telefone e discutiu o "impacto do coronavírus", além de reafirmarem "a solidariedade mútua entre os dois países".

O chefe de Estado brasileiro, no entanto, não mencionou a possível suspensão dos voos.

Segundo Ricardo Balistiero, coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia e especialista em aviação civil, a medida "certamente" iria "aprofundar as dificuldade que temos hoje de superação da crise", mas "o que os Estados Unidos fizerem, nós simplesmente vamos acatar".

Trump é 'um dos poucos aliados de Bolsonaro no mundo'

Balistiero diz ainda que a diplomacia brasileira fechou canais importantes de diálogo, por exemplo com Alemanha e França, por causa da questão ambiental, "e agora mais recentemente com a China", em função de mensagem publicada por Eduardo Bolsonaro criticando o país asiático.

"Não os Estados Unidos enquanto país, mas o Trump, enquanto chefe de governo, é um dos poucos aliados que Bolsonaro tem no mundo", afirmou o ex-funcionário dos departamentos de finanças da Varig e da IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos).

Segundo ele, a imagem do governo brasileiro está bastante "arranhada no exterior", situação que "piorou ainda mais com a posição" diante da pandemia de Bolsonaro, que, ao contrário de recomendações da Organização Mundial da Saúde, vem condenando o isolamento da população. 

'Não recebemos nada de palpável em troca'

Mas apesar da proximidade entre os dois presidentes, Balistiero diz que a balança está bastante desfavorável para o lado brasileiro. 

"A nossa relação é muito frágil, até o presente momento cedemos muito e não recebemos nada de muito palpável em troca. O que recebemos foi uma ameaça de barreiras contra o aço, e agora uma ameaça de proibir voos do Brasil", disse o especialista.

Segundo ele, a única maneira de minimizar o enorme impacto de uma decisão como a suspensão dos voos, medida que os EUA já adotaram em relação a outros países, seria negociar "um conjunto de ações preparatórias para evitar que as empresas de aviação sofram mais do que estão sofrendo nessas últimas semanas".

'Mais altivez'

Mas Balistiero não acredita nessa opção, pois o governo brasileiro "parece conformado" com essa relação, numa posição de "quase subserviência".

"Precisaríamos de um pouco mais de altivez, exatamente para que, numa situação como essa, tivéssemos condições, da altura da oitava economia do mundo, de fazer algumas exigências e ter força de negociação caso uma decisão dessa fosse tomada de forma unilateral", afirmou Ricardo Balistiero.
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