Meteoritos contam história da água em Marte, segundo cientistas

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A determinação da abundância e distribuição de água em Marte ao longo do tempo desempenha um papel fundamental no estudo de sua evolução geológica e habitabilidade.

Em um artigo publicado em 30 de março na Nature Geoscience, uma equipe de investigadores da NASA e de universidades norte-americanas, britânica e húngara, apresentaram os resultados de seu estudo sobre as fontes de água no planeta vermelho.

A equipe de pesquisadores, que foi liderada por Jessica Barnes, cientista da NASA e professora de Ciências Planetárias na Universidade do Arizona, EUA, analisou quimicamente os meteoritos Black Beauty e Allan Hills 84001 (controverso nos anos 90 por supostamente conter micróbios marcianos) para determinar a história da água em Marte.

Os meteoritos analisados são de origem marciana, tendo o meteorito Allan Hills 84001 sido descoberto na Antártica em 1984 e o Northwest Africa 7034 (ou Black Beauty) achado no deserto do Saara em 2011.

Água em Marte

"Muita gente tem tentado descobrir a história da água de Marte. Como, de onde veio a água? Quanto tempo esteve na crosta (superfície) de Marte? De onde veio a água interior de Marte? O que a água pode nos dizer sobre como Marte se formou e evoluiu?", escreveu Barnes.

Estudando dois isótopos de hidrogênio, os cientistas concluíram que Marte provavelmente recebeu água de pelo menos duas fontes distintas no início de sua história e que nunca teria tido, ao contrário da Terra e da Lua, um oceano que cobrisse completamente o planeta.

Isótopos são variantes de um mesmo elemento com diferentes números de nêutrons. O hidrogênio é um dos elementos da água. Sendo assim, encontrar isótopos de hidrogênio em rochas marcianas é como lidar com fósseis de água, que mesmo sendo semelhantes poderiam, contudo, ter passado por diferentes processos químicos em sua origem.

Barnes e a sua equipe lograram reconstruir a história da água de Marte procurando pistas em dois tipos, ou isótopos, de hidrogênio. Um dos isótopos contém um próton em seu núcleo, sendo apelidado de "hidrogênio leve". O outro isótopo é o deutério, que contém um próton e um nêutron no núcleo, sendo chamado de "hidrogênio pesado". A proporção destes dois isótopos de hidrogênio sinaliza a um cientista planetário os processos e possíveis origens da água encontrada em rochas e minerais.

Mistério do meteorito

O meteorito Black Beauty se revelou o mais rico em dados para os cientistas, por ser constituído por materiais de superfície datados de diferentes períodos da história de Marte.

"Isso nos permitiu formar uma ideia de como era a crosta de Marte ao longo de vários bilhões de anos", afirmou Barnes.

Na Terra, o isótopo de hidrogênio dominante é o prótio. Em Marte, o deutério. Nos meteoritos avaliados pela equipe de Barnes, existem os dois tipos de isótopos. Contudo, o Allan Hills 84001 possui mais deutério e o Northwest Africa 7034 menos.

"Essas duas fontes diferentes de água no interior de Marte podem estar nos dizendo algo sobre os tipos de objetos disponíveis para fusão nos planetas rochosos", afirmou Barnes.

Barnes e a sua equipe registraram, assim, assinaturas de dois hidrogênios diferentes – e, por consequência, de dois reservatórios de água dentro de Marte – concluindo desse modo ter havido mais que uma fonte de água em Marte e que o planeta vermelho não teve um oceano global.

Curiosamente, e apesar de ambos meteoritos terem deixado Marte há bilhões de anos, sua composição é muito semelhante à de rochas recolhidas recentemente pela Rover Curiosity, da NASA, indiciando que o planeta vermelho pouco mudou desde então.

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