Futura vacina contra COVID-19 pode ser insuficiente, mas nem tudo está perdido, dizem cientistas

© REUTERS / Jeenah MoonAgente de saúde dos EUA senta em banco no Central Park, em Nova York, 30 de março de 2020
Agente de saúde dos EUA senta em banco no Central Park, em Nova York, 30 de março de 2020 - Sputnik Brasil
Nos siga no
Uma vacina eficaz contra o SARS-CoV-2 não deve surgir antes de 2021, havendo alguns fatores que podem impedir sua eficácia. No entanto, cientistas apontam que o vírus deve ir se tornando menos agressivo.

Ainda falta muito para haver uma vacina contra o SARS-CoV-2, o vírus que causa a COVID-19. Cientistas de todo o mundo concordam que é um processo longo e exigente, com várias fases de validação, e que a vacina não levará menos de 16 a 18 meses para entrar no mercado.

Esperar tanto tempo por uma vacina que se tornou urgente pode parecer exagerado, especialmente quando se sabe que o vírus está em mutação à medida que a pandemia avança. Mesmo quando a vacina puder ser usada, ela não atacará o vírus integralmente.

No entanto, o fato de este estar em mutação também pode ser boa notícia. Ainda não há fortes evidências genéticas de que o vírus esteja aumentando sua patogenicidade (capacidade de provocar a doença).

O Laboratório de Virologia Fundamental da Faculdade de Ciências da Universidade da República (Uruguai) explica que o vírus deverá mutar para versões mais atenuadas. "A atenuação é um processo que certamente irá ocorrer gradualmente", afirmam os cientistas.

Nos últimos dias, uma vacina para prevenir a COVID-19 causada pelo SARS-CoV-2 entrou na Fase 1 de Ensaios Clínicos. Um GRANDE passo em frente. Mas será a vacina a ferramenta para deter esta pandemia? Por que não seria? Deixo em aberto ...

No entanto, embora a vacina possa não combater integralmente o vírus por causa da sua mutação, irá certamente ajudar a nos proteger de uma "forma cruzada".

Explicando o fenômeno, os especialistas indicam que o SARS-CoV-2 é um vírus pertencente à família dos coronavírus, tal como o SARS-CoV e o MERS-CoV, ambos mais letais que o atual (embora não tão contagiosos).

Os surtos dos diferentes coronavírus são chamados SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), e MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio). Por outras palavras, o SARS-CoV-2 é um novo surto do mesmo vírus, que pode causar diversas manifestações, desde a constipação comum até doenças graves que podem ser fatais.

Como ocorre a mutação do coronavírus?

Nas palavras dos cientistas do laboratório uruguaio, em geral, os coronavírus partilham a estrutura genômica e um mesmo arranjo genético: todos eles são muito semelhantes. Se compararmos a sequência de nucleotídeos (moléculas orgânicas) do SARS-CoV e do SARS-COV 2 "verificamos que aproximadamente 80% deles são iguais".

A proteína S (spike) é a chave que permite ao vírus reconhecer o receptor celular (chamada ACE2, no caso do SARS-CoV) e infectar a célula.

Quanto à proteína S, é composta por 2 subunidades, S1 e S2. A S2 (responsável pelo mecanismo de entrada na célula) tem uma semelhança de 99% com o SARS-CoV, mas a S1 (responsável por reconhecer a célula e aderir a ela), tem apenas 70%, então varia muito.

Como será a vacina para o SARS-CoV-2? Vejamos algumas perguntas básicas de virologia. Os CoV em geral, mas em particular os três CoV epidêmicos/pandêmicos, partilham uma estrutura genômica e um arranjo genético muito semelhantes.

A chave é entender por que varia tanto. De acordo com os especialistas uruguaios, isso se deve a duas coisas: Os CoV são vírus com um genoma de ARN (ácido ribonucleico), e uma de suas características é a mutação que, à partida, não é boa nem ruim.

Segundo, por causa de a S1 gerar uma forte resposta imunológica no hospedeiro, ela induz mais anticorpos protetores. Portanto, a forma de "escapar dessa pressão" das defesas do hospedeiro é precisamente mutando.

Vacina seria eficaz?

Dependendo dos estudos genéticos e da estrutura viral, bem como da experiência com os outros coronavírus "irmãos", a vacina, concebida para gerar anticorpos contra a proteína S do SARS-COV-2, poderia se revelar ineficaz a médio prazo devido à variabilidade de uma das proteínas S1.

Os especialistas do laboratório explicam que a "pressão" dos anticorpos contra um único tipo de S1 pode favorecer o aparecimento de mutações na S1 e, portanto, podem ser geradas novas estirpes do vírus que escapam à proteção da vacina. No entanto, é provável que a vacina seja útil no controlo de casos endêmicos que devem existir em áreas de elevada carga viral.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала