Mercúrio poderia ter abrigado formas de vida no passado, diz estudo

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Mercúrio (imagem ilustrativa) - Sputnik Brasil
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Uma nova pesquisa revela que no planeta mais próximo do Sol, onde a temperatura supera 400 graus Celsius, pode mesmo assim ter havido vida.

O estudo, da autoria de cientistas norte-americanos e espanhóis, liderado pelo Instituto de Ciências Planetárias da Universidade do Arizona, nos EUA, foi publicado esta segunda-feira (16) na revista Nature.

Vida em Mercúrio era impossível?

Até aqui, qualquer hipótese de haver ou ter havido vida em Mercúrio estava completamente excluída, devido às temperaturas diurnas que podem ultrapassar os 400 graus Celsius e as noturnas atingindo os 180 graus negativos.

Os pesquisadores, contudo, levantam a hipótese de, em certas partes sob a superfície de Mercúrio, poderem ter sido criadas condições capazes de gerar química prebiótica, e até formas simples de vida.

Segundo o estudo, é possível "que algumas regiões do subsolo de Mercúrio tenham demonstrado capacidade para hospedar vida", escreveu Alexis Rodriguez, autor principal e líder da equipe.

Em Mercúrio, existe uma região chamada Bacia Caloris, extensa cratera de impacto com aproximadamente 1.550 km de diâmetro, uma das maiores do nosso Sistema Solar.

De acordo com o estudo, a cratera está cercada por um anel de montanhas de dois km de altitude, mas no planeta, no ponto oposto à Caloris, há áreas sulcadas pela movimentação de grandes volumes voláteis da crosta superior, conhecidos como terrenos caóticos.

"Os profundos vales e enormes montanhas que agora caracterizam os terrenos caóticos já fizeram parte de depósitos geológicos altamente voláteis de poucos quilômetros de profundidade, e não consistem em antigas superfícies de crateras de formação sísmica devido à formação da bacia de impacto Caloris, no lado oposto do planeta, como alguns cientistas anteriormente pensavam", afirma o coautor, Daniel Berman.

Os cientistas se baseiam no fato de que "o desenvolvimento dos terrenos caóticos persistiu até aproximadamente 1,8 bilhões de anos atrás, dois bilhões de anos após a formação da bacia de Caloris", refere Berman.

A equipe identificou perdas de elevação da superfície ao longo de milhares de quilômetros nos terrenos caóticos localizados nos antípodas de Caloris.

"Esse achado indica que enormes volumes voláteis da crosta se transformaram em gás, e escaparam da crosta superior do planeta, em uma área de 500.000 quilômetros quadrados", escreveu Gregory Leonard, coautor do estudo.

Pode ter havido vida

Contrariamente àquilo que até aqui se pensava, os cientistas demonstraram que "existem também numerosos terrenos caóticos extensos em outras regiões do planeta […] muito provavelmente de composição diversa", podendo a "crosta superior do planeta ser efetivamente constituída por um grande número de condições composicionais e térmicas, algumas até habitáveis, como as existentes em exoplanetas semelhantes a Mercúrio", afirma Rodriguez.

Reforçando essa hipótese, o coautor Kevin Webster adianta que "vastos campos de lava se formaram logo após o desenvolvimento dos terrenos caóticos, de modo que o calor vulcânico poderia ter desestabilizado e liberado os aparentemente vastos volumes de voláteis da crosta".

Para outro coautor, Jeffrey Kargel, a crosta rica em compostos voláteis pode ter surgido em Mercúrio através de impactos de corpos vindos dos confins gelados do Sistema Solar externo ou de asteroides.

"Mesmo que as condições habitáveis tivessem subsistido apenas brevemente, restos da química prebiótica ou da vida rudimentar ainda poderiam existir nos terrenos caóticos", opina Kargel.

Certezas só no futuro

Os cientistas detectaram igualmente na área estudada "locais onde podemos efetivamente acessar materiais altamente voláteis, que, após bilhões de anos existentes no subsolo, foram expostos à superfície", refere Rodriguez.

Segundo outro coautor, Mark Sykes, "se esses resultados forem confirmados, esta e outras áreas semelhantes em Mercúrio podem ser futuros locais de aterrissagem para investigar a origem da crosta rica em voláteis do planeta e, talvez, até mesmo seu potencial astrobiológico", conlcuiu.

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