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Analista: expectativas do Brasil com EUA costumam ser maiores do que resultados

© AP Photo / Evan VucciO presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (à esquerda), e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante reunião do Salão Oval da Casa Branca, em Washington, nos EUA.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (à esquerda), e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante reunião do Salão Oval da Casa Branca, em Washington, nos EUA. - Sputnik Brasil
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Nos momentos de grande proximidade com os Estados Unidos, o Brasil costuma criar expectativas maiores do que os resultados bilaterais alcançados, afirma a especialista em relações internacionais Denilde Holzhacker.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está em Miami, na Flórida, tratando de assuntos bilaterais com diferentes autoridades dos Estados Unidos, com foco nas áreas de defesa e infraestrutura. 

​A visita do chefe de Estado brasileiro aos EUA tem como um dos objetivos colocar o Brasil no programa de investimentos norte-americanos na América Latina, o América Cresce, iniciativa que busca fazer frente à expansão da China na região.

No último domingo, em cerimônia realizada no Comando Sul dos EUA, os dois governos estreitaram os laços militares firmando um Acordo de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação, que, segundo o Ministério da Defesa, buscará "abrir caminho para que ambos os governos desenvolvam futuros projetos conjuntos". 

​De acordo com a professora de Relações Internacionais Denilde Holzhacker, da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP), os entendimentos alcançados pela comitiva brasileira nesta nova viagem aos Estados Unidos podem, por um lado, melhorar o acesso das empresas brasileiras da indústria de defesa ao mercado norte-americano e, por outro, atrair investimentos dos EUA para importantes obras no Brasil. Mas é preciso cautela.

"As relações entre Brasil e Estados Unidos sempre tiveram momentos de muita proximidade e outros momentos de distanciamento. Nesses momentos de proximidade, sempre fica a crítica de que a gente tem muitas expectativas, o Brasil sempre apresenta grandes expectativas, com resultados nem sempre tão altos", comenta a especialista em entrevista à Sputnik Brasil. 

​Para a acadêmica, como já aconteceu anteriormente, hoje, é possível, sim, observar alguns avanços nessa agenda bilateral. Mas isso "não significa que esses avanços vão estar dentro das expectativas que o próprio governo se colocou". 

"No caso do acordo militar, ainda precisará passar pelos dois parlamentos. Tanto no Congresso brasileiro quanto no Congresso americano", destaca Holzhacker. "De fato, esse seria um grande ganho, ter acesso ao desenvolvimento conjunto de tecnologias. E hoje é uma das áreas que os países precisam desenvolver, aumento de tecnologia e inovação. Mas vai passar pelos parlamentos."

A analista afirma que, embora o Congresso Nacional do Brasil seja mais aberto a ratificar acordos desse tipo, o Congresso dos EUA pode apresentar obstáculos, sobretudo em um momento de intensos debates em torno das próximas eleições norte-americanas.

"É um passo positivo, mas a gente tem que colocar dentro de um certo pragmatismo a implementação e quando vai ser implementado, de fato, esse acordo."

No que diz respeito às eleições nos EUA, a professora insiste que, independentemente de quem vença a disputa presidencial, por mais que o governo tenha boa vontade para fazer avançar pautas de interesse do Brasil, é preciso sempre considerar o papel do Congresso norte-americano nessas relações.

"Todas as pautas comerciais e de defesa que têm que passar pelo Congresso vão depender dos arranjos internos. E, aí, os deputados e senadores, se tiver uma maioria democrata, podem colocar resistência à assinatura desses acordos", afirma. 

​Para finalizar, Denilde Holzhacker diz não ter dúvidas de que, ao atrair o Brasil para esse tipo de parceria, os EUA estão, sim, tentando conter a influência chinesa sobre a América Latina. Para além disso, há um interesse também, por parte do governo Donald Trump, segundo ela, de garantir o apoio de um aliado forte em órgãos internacionais. 

"O discurso é de alinhamento, principalmente entre os dois presidentes. Para o Brasil, quase de uma aceitação das posições americanas. Mas, quando a gente olha na prática, o Brasil defende uma aliança estratégica com os Estados Unidos, mas tem tentado ainda manter suas alianças com outros países, tentando equilibrar seus interesses."

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