Ontem (24) Mike Burgess, diretor-geral da Organização Australiana de Inteligência e Segurança (ASIO, na sigla em inglês) expressou alarme em relação a um aumento "sem precedentes" de ameaças de espionagem estrangeiras e interferências por diversos países, que tentam influenciar legisladores, funcionários do governo, figuras públicas, importantes empresários e acadêmicos.
"O nível de ameaça de espionagem estrangeira e de atividades de interferência que atualmente enfrentamos é sem precedentes", disse Burgess no encontro anual de avaliação de risco de ameaças da ASIO. "É mais alto agora do que era no auge da Guerra Fria", alertou.
Embora o alto funcionário, ao que se sabe, não tivesse mencionado nenhum país em particular, especialistas assumem que o dedo estava sendo apontado à China.
"É bastante razoável supor que a China era o país em causa", disse Rory Medcalf, chefe da Escola Nacional de Segurança da Universidade Nacional da Austrália.
A China, que é o maior parceiro comercial da Austrália e também o maior comprador de seu minério de ferro, carvão e produtos agrícolas, negou as acusações.
O ministro do Interior australiano, Peter Dutton, foi mais específico: "Não me interessa de que país estamos falando, seja da China, Rússia ou Irã – se as pessoas representarem uma ameaça ao nosso país, serão tratadas de acordo com o nível desta ameaça", comentou o ministro, citado pela Reuters.
Em setembro de 2019 as agências de inteligência australianas descobriram que a China foi responsável por um ataque cibernético ao Parlamento do país e a três maiores partidos políticos, poucos meses antes das eleições gerais que tiveram lugar em maio daquele ano. Segundo a agência Reuters, o Governo australiano encobriu a identidade dos agressores para proteger as suas relações comerciais com Pequim.