Por que os EUA não conseguem passar sem a Huawei?

© REUTERS / Dado RuvicLogotipo da Huawei com bandeira chinesa em segundo plano
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Estados Unidos prorrogaram, uma vez mais, a licença temporária concedida aos fornecimentos à Huawei, de novo por 45 dias.

Apesar de a empresa ter sido colocada na lista negra pelo Departamento de Comércio dos EUA, em maio de 2019, e a Administração Trump ter instado seus aliados a banir a Huawei, na prática, nem os próprios Estados Unidos parecem conseguir desistir do gigante tecnológico chinês.

As empresas norte-americanas não podem fornecer quaisquer componentes ou software à Huawei e suas afiliadas sem uma autorização especial do Departamento.

Pressão do lobby industrial

Provavelmente por pressão do lobby industrial, o Departamento de Comércio introduziu logo em maio de 2019 uma licença temporária por 45 dias, que tem sido repetidamente renovada.

A Huawei era o maior cliente das empresas norte-americanas: em 2018, ela comprou produtos a fornecedores estadunidenses no valor de US$11 bilhões (R$ 47,82 bilhões).

Valendo-se do fato de a proibição somente abranger produtos com mais de 25% de componentes fabricados nos EUA ou de origem norte-americana, muitas empresas vão contornando a proibição.

O Departamento de Comércio e a administração de Trump estão atualmente discutindo a possibilidade de reduzir este limiar para 10%, o que tem merecido oposição da indústria norte-americana e inclusive, até há pouco tempo, do Pentágono.

Esta posição dúbia tem que ver com a necessidade de "não exagerar nas restrições para não causar demasiados danos econômicos às suas próprias empresas", afirmou à Sputnik China Shi Yinhong, professor no Instituto de Relações Internacionais da Universidade Popular da China.

Várias empresas tecnológicas, inclusive a Apple, consideram "que se as restrições forem demasiado severas, especialmente no que respeita à compra de equipamento 5G à Huawei, bem como ao fornecimento dos seus produtos à Huawei, elas sofrerão grandes prejuízos e perderão uma parte significativa das rendas", afirmou o professor.

A Huawei está presente nas redes de telecomunicações americanas, sobretudo nas que prestam serviços em áreas rurais escassamente povoadas.

De acordo com a Rural Wireless Association dos EUA, banir a Huawei obrigaria ao dispêndio de até US$ 1 bilhão (R$ 4,35 bilhões) em novas infraestruturas.

Aliados estão renitentes

No Reino Unido, a participação da Huawei nas redes da geração anterior ultrapassa 40%. Desistir do equipamento chinês seria muito dispendioso. Por essa razão, muitos dos aliados dos EUA não alinham com suas posições em relação à tecnológica chinesa, prosseguiu Shi Yinghong.

Assim, "alguns países, como o Reino Unido, Alemanha e França, por razões […] econômicas, não seguem os EUA introduzindo a proibição total", tendo os próprios EUA flexibilizado a sua posição, pedindo que o equipamento Huawei não seja utilizado pelo menos no núcleo da rede 5G, prosseguiu o professor.

O Reino Unido decidiu que o equipamento chinês poderia ser utilizado na construção de redes 5G, mas a quota de cada fabricante não poderia exceder 35%.

Assim, e até ao momento, os EUA não lograram formar uma sólida aliança antichinesa em conjunto com os seus aliados.

Na recente Conferência de Segurança de Munique, os diplomatas norte-americanos não conseguiram obter dos seus aliados uma posição mais dura em relação à China.

Pelos vistos, a contradição entre as palavras e os atos dos norte-americanos tem levado a que seus aliados europeus encarem com ceticismo a adoção de uma política conjunta perante a China.

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