'Nada além de miséria': iraquianos sabem que 'serão as vítimas' do conflito orquestrado pelos EUA

© REUTERS / Thaier al-SudaniManifestantes na capital iraquiana de Bagdá protestam contra a presença dos EUA no país
Manifestantes na capital iraquiana de Bagdá protestam contra a presença dos EUA no país - Sputnik Brasil
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Quase um milhão de iraquianos saiu às ruas para protestar contra a presença das tropas dos EUA no seu país após a decisão do Parlamento do Iraque de expulsá-las.

Enquanto as demonstrações foram rotuladas no passado como protestos apoiados pelo Irã, um especialista em antiguerra disse à Sputnik que este protesto em particular enviou uma mensagem clara a Washington.

Medea Benjamin, cofundadora do grupo pacifista Code Pink, em entrevista à Sputnik International, discutiu as manifestações no Iraque e protestos globais antiguerra que estão agendados para acontecer neste fim de semana.

Benjamin afirmou ser óbvio que os recentes protestos têm como alvo Washington e não podem ser erroneamente interpretados como manifestações organizações pelo Irã, por serem de autoria de "xiitas iraquianos que querem ver o seu país livre de tropas estrangeiras".

"Existe um sentimento popular genuíno que as tropas norte-americanas representam perigo ao povo iraquiano, que elas não trouxeram nada além de miséria por quase duas décadas. E o assassinato de Soleimani [chefe da Força Quds do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica] no território iraquiano torna muito claro aos iraquianos que eles serão as vítimas de uma escalada iniciada pela administração do presidente Trump contra Irã, e iraquianos não querem que isso aconteça", explicou a ativista.

Benjamin salientou que a recusa dos EUA de cumprir a decisão do Parlamento iraquiano de expulsar as tropas norte-americanas do país pode agravar ainda mais as tensões na região. Segundo a ativista, nos protestos havia cartazes escritos em inglês contendo mensagens entrelinhas "levem os seus filhos do Iraque para casa ou comecem a preparar os caixões".

Esta é uma manifestação enorme que está decorrendo na capital iraquiana de Bagdá, onde mais de um milhão de pessoas exigiu o fim da ocupação militar americana no seu país. O Parlamento do Iraque votou com 170 a favor e 0 contra pela expulsão das tropas dos EUA. Trump se recusou a dar ouvidos, agora as pessoas estão nas ruas.

"Haverá ataques a soldados americanos por parte dos iraquianos que manifestaram o seu desejo claramente", alertou.

No entanto, é pouco provável que a administração do presidente dos EUA Donald Trump respeite a soberania do governo iraquiano e retire militares estadunidenses, ponderou.

"Mesmo que Donald Trump tenha prometido e dito [durante a campanha eleitoral] que retiraria as tropas dos EUA do Oriente Médio [...], ele acha que retirando as tropas do Iraque estaria, assim, cedendo ao Irã em vez de se submeter à vontade do povo iraquiano", argumentou Benjamin.

Em 3 de janeiro, os Estados Unidos realizaram um ataque de drone perto do Aeroporto Internacional de Bagdá, no Iraque, que matou o general iraniano Qassem Soleimani e o líder da milícia xiita iraquiana Abu Mahdi Muhandis, entre outros.

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