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'Declínio' da pesquisa e da indústria estimula fuga de cérebros no Brasil, diz socióloga

© Fotolia / PressmasterCientista no laboratório
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Fuga de cérebros no Brasil é um dos fatores que fez o país recuar em ranking mundial de competitividade de talentos. A Sputnik Brasil ouviu uma cientista para explicar as razões desse fenômeno.

Um ranking de competitividade global de talentos divulgado pela Insead, considerada uma das principais escolas de administração do mundo, mostrou que o Brasil perdeu posições, ficando em 80º lugar dentre os 132 países listados. O resultado brasileiro é o pior dentre as nações do BRICS, o grupo que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Para a socióloga Fernanda Sobral, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e professora aposentada da Universidade de Brasília (UnB), a falta de investimentos é um fator importante para explicar a queda brasileira no ranking.

"Eu acho que [o resultado no ranking] tem a ver com falta de investimentos em Ciência e Tecnologia e nas próprias universidades", afirma a socióloga em entrevista à Sputnik Brasil.

Dentre os seis fatores utilizados para o ranking da Insead, o Brasil registrou piora em cinco. No caso da fuga de cérebros, o Brasil foi da 45ª colocação, em 2019, para a 70ª posição neste ano. Os dados utilizados para o ranking foram coletados entre 2017 e 2018.

Sobral explica também que outros fatores estão envolvidos, como o desemprego, a violência e a desvalorização da carreira acadêmica.

"Quando não há condições de infraestrutura, de laboratórios e etc, as pessoas procuram locais e universidades que dêem as condições infraestruturais para a pesquisa", diz.

A socióloga acredita que a falta de uma política industrial efetiva no Brasil também prejudica a permanência de pesquisadores no país.

"Para que os empresários possam inovar [...] é preciso que haja também uma política industrial de fortalecimento da indústria nacional e isso não está ocorrendo", aponta.

Fernanda Sobral explica que a falta de investimento parte principalmente do governo, e remete à manutenção da emenda constitucional 95, a chamada "PEC do Teto de Gastos", como uma barreira para a ampliação do investimento em pesquisa no Brasil.

A divulgação do ranking do Insead foi realizada nesta quarta-feira (22) durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Para a professora, essa é uma forma de fomentar o debate do fórum em torno dessas questões, o que poderia servir de alerta para o Brasil.

"Acho até interessante no sentido de alertar o Brasil: 'Olha, os BRICS estão lá em cima, estão subindo. Se não houver uma atenção sobre a política da inovação, sobre a questão de dar condições nas universidades, nos institutos de pesquisa e nas empresas de realizarem pesquisas, vocês [o Brasil] vão ficar para trás'", conclui.
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