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O que o governo pode fazer para evitar aumento do preço dos combustíveis no Brasil?

© Folhapress / Lucas Lacaz RuizPosto de gasolina em São José dos Campos (SP) (imagem referencial)
Posto de gasolina em São José dos Campos (SP) (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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Com a crise entre EUA e Irã e seus possíveis reflexos pela economia mundial, a alta no preço dos combustíveis voltou a ser pauta de discussão, e o presidente Jair Bolsonaro quer trabalhar para conter os preços no mercado nacional.

Na última terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro propôs a redução em imposto estadual do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nas refinarias e a possibilidade de usineiros entregarem o etanol diretamente nos postos de gasolina, sem intermédio de distribuidores, como uma forma de reduzir o preço dos combustíveis.

O coordenador de Estudos de Petróleo da Diretoria de Estudos Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), José Mauro de Morais, em entrevista à Sputnik Brasil, observou que o ICMS tem uma representação muito alta no preço gasolina, pois chega a representar cerca de 29% do preço final da gasolina, enquanto a "Petrobrás recebe apenas 31%, ou seja, os outros 69% decorrem de impostos federais, do ICMS, do álcool, e também do lucro dos revendedores".

"Agora, é difícil reduzir o ICMS, porque é um imposto estadual, ou seja, o governo não tem condições de decidir por ele mesmo uma alíquota do ICMS para baixo, porque é um imposto estadual, depende dos estados", argumentou José Mauro de Morais.

O especialista observou que a questão do aumento do preço do combustível é "mais um problema da Petrobrás", pois, de acordo com ele, há muito tempo que a empresa "vem seguindo os preços de mercado, por conta dos prejuízos muito grandes" durante o período de 2011 até 2015, tendo em vista que o preço da gasolina foi controlado pelo governo.

​"A Petrobrás é que deve avaliar até que ponto ela deve ajustar o preço do combustível, seguindo uma linha normal de preço de mercado [...] Não tem como a Petrobrás não ajustar o preço por conta de dois fatores muitos fortes, que é o aumento da taxa do dólar, que agora está contido, reduziu um pouco, e isso tem um impacto bom, negativo sobre o preço da gasolina, e também o preço internacional do combustível", afirmou.

"No momento, o preço internacional subiu [...] mas olhando, por exemplo, o petróleo produzido nos EUA, o preço atual está em torno de 63 dólares o barril. E não podemos esquecer que durante o ano de 2019 já por duas vezes o preço atingiu esse valor [...] então o preço que atingiu hoje por conta do conflito entre EUA e Irã não é tão alto", acrescentou o especialista do IPEA.

Ao comentar se existe uma forma do governo reduzir os custos da crise no Oriente Médio para o Brasil, José Mauro de Morais opinou que "talvez uma forma seja a Petrobrás esperar um pouco mais, não reajustar o preço enquanto o conflito estiver 'quente', e esperar alguns dias".

"Nem um dos dois países quer a guerra. Claro, houve essa retaliação do Irã como uma forma de responder as exigências internas da população, mas nenhum dos países quer a guerra. É possível então que haja um arrefecimento nos próximos dias e a Petrobrás pode aguardar um pouco mais e não ajustar o preço por conta dessa possibilidade de os dois países, não aumentando suas retaliações, o preço do petróleo acalmar um pouco", completou.

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