Fernández: FMI emprestou para quem não podia pagar e tem muita culpa por pobreza na Argentina

© AP Photo / Gustavo GarelloA coalisão Frente de Todos uniu todos os setores do peronismo e da esquerda argentina para derrotar o atual presidente Mauricio Macri nas eleições presidenciais de 2019
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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que o Fundo Monetário Internacional (FMI) emprestou dinheiro a quem não podia pagar e "tem muita responsabilidade" pelo aumento da pobreza no país.

"O FMI tem muita responsabilidade no que se passou, nem sequer peço uma mea culpa, peço que tenha em conta o que se passou: emprestou dinheiro a alguém que sabia que nunca ia poder devolver", disse o chefe de Estado em entrevista divulgada nesta quinta-feira (2) pela emissora Radio 10. 

Recentemente, a ex-diretora da entidade, Christine Lagarde, que chefiava o Fundo quando foi feito o empréstimo para a Argentina, disse que o programa econômico elaborado em parceria com o governo do então presidente Mauricio Macri teve "efeitos colaterais", como o aumento da "pobreza e da inflação". 

Segundo ela, o FMI fez o melhor que podia "quando os líderes da Argentina vieram a nós porque estavam em uma situação muito difícil". 

Dinheiro para 'ganhar uma eleição'

Fernández, no entanto, não eximiu a direção da entidade de culpa. Para ele, o Fundo emprestou dinheiro ao governo anterior "para que pudesse ganhar uma eleição e pudesse ocultar o verdadeiro problema que havia, o que no tema de gestão econômica é uma vergonha".  

A pobreza na Argentina subiu 6,2 pontos percentuais entre 2015 e 2019, de 34,6% para 40,8%, de acordo com o Observatório da Dívida Social da Universidade Católica. 

A inflação no período, por sua vez, foi de 162,6%, com uma alta de 50% apenas no último ano, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos. 

Novo pacto social

Para mudar essa situação, o presidente citou na entrevista o pacto de desenvolvimento assinado pelo seu governo, empresários, sindicatos e movimentos sociais em 27 de dezembro, pouco após tomar posse, em 10 de dezembro. 

"É a primeira vez na qual empresários, trabalhadores e Estado se unem para dizer aos credores: acreditamos que a fórmula para pagar não passa por seguir arrochando a economia argentina, primeiro a Argentina deve crescer para depois encarar suas obrigações", afirmou Fernández. 

Em junho de 2018, o governo argentino solicitou um resgate de 50 bilhões de dólares ao FMI, que três meses depois foi ampliado para 56,3 bilhões, em troca de um ajuste nas contas públicas. 

O novo governo busca prorrogar o pagamento dos juros do empréstimo do FMI, que chegou a desembolsar 44 bilhões de dólares.

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