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'Linha direta' Brasil-Argentina aponta pragmatismo bilateral, diz analista

© REUTERS / Matias BagliettoVice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, comparece à posse de Alberto Fernández, novo presidente da Argentina
Vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, comparece à posse de Alberto Fernández, novo presidente da Argentina - Sputnik Brasil
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As chancelarias de Brasil e Argentina anunciaram uma linha direta nas relações comerciais e a Sputnik Brasil ouviu uma especialista no assunto para comentar a medida.

Na quinta-feira (26), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, e o chanceler da Argentina, Felipe Solá, concordaram pelo estabelecimento de uma "linha direta" para discutir a política comercial entre os países.

Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM-SP e especialista em políticas das Américas, explica que o acordo é um primeiro passo para normalizar as relações entre os países. Brasil e Argentina têm tido rusgas devido às diferenças entre o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o presidente argentino, Alberto Fernández.

"A gente saiu de uma fase mais crítica, ela ainda é uma relação tensa - essa não vai ser a primeira vez que os dois presidentes têm relações tensas no âmbito do Mercosul. Mas já é uma sinalização de que a posição brasileira vai ser pragmática em olhar interesses e olhar a discussão mais do ponto de vista comercial", diz em entrevista à Sputnik Brasil.

Holzhacker também explicita que é necessário ainda observar a posição do lado argentino.

"Também é preciso entender como vai ser a reação do lado argentino. Não é só o presidente brasileiro que tem feito comentários, mas as lideranças argentinas também foram bastante duras em alguns comentários com relação ao Brasil", afirma.

Segundo publicou a Exame, apesar da linha direta entre os países, a conversa entre os chanceleres teve pelo menos uma divergência, relacionada ao acordo Mercosul-União Europeia. Enquanto Araújo busca aprovar o acordo, o argentino salientou possíveis desvantagens da medida para as indústrias locais.

"Acho que uma das maiores divergências que vão acontecer são os rumos do Mercosul. Porque os dois presidentes têm posições diferentes, têm posições econômicas políticas distintas, mas têm visões sobre relações internacionais também bastante distintas", aponta.

Mesmo diante das divergências, a professora acredita que a conversa entre os chanceleres dos países aponta para uma relação que dará prioridade à diplomacia e ao comércio bilateral. Para ela, o acordo entre União Europeia e Mercosul, por exemplo, não está sob ameaças sérias e deve ser discutido através de vias diplomáticas e com consultas ao setor privado.

"É muito difícil, pela natureza do acordo, pelo tempo que levou até chegar a esse acordo, que haja alguma mudança substancial", explica.

A professora aponta também que dois fatores indicam que a Argentina terá problemas para tentar mudanças no acordo. Um deles é a crise econômica no país e outro é o isolamento ideológico dentro do Mercosul. Para ela, dentro do bloco os argentinos estão em desvantagem.

"A Argentina hoje vive uma situação econômica que depende muito do Mercosul - o Brasil é o principal parceiro para eles. É uma situação que agora é mais difícil também nesse sentido, porque qualquer retaliação que o Brasil pudesse fazer seria ruim para a própria Argentina. Então, acho que a limitação, nesse caso, de negociação para a Argentina, é maior que para os outros parceiros", afirma.
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