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Relação ruim entre Bolsonaro e Fernández pode levar à saída do Brasil do Mercosul, diz especialista

© REUTERS / Matias BagliettoVice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, comparece à posse de Alberto Fernández, novo presidente da Argentina
Vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, comparece à posse de Alberto Fernández, novo presidente da Argentina - Sputnik Brasil
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O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o novo presidente da Argentina, Alberto Fernández, têm trocado farpas e acusações públicas desde a época da campanha presidencial que deu a vitória ao kirchnerista.

Na última terça-feira (17), Bolsonaro insinuou que as medidas tomadas por Fernández poderão causar uma aumento de imigração de argentinos para a região Sul do Brasil, assim como ocorreu com venezuelanos em Roraima.

Em uma publicação em sua conta oficial do Twitter, o presidente brasileiro disse que a "situação política da Venezuela tem reflexos diretos no Estado de Roraima", depois disse que a Argentina faz fronteira com com a região Sul do Brasil e listou algumas das medidas tomadas por Fernández nos primeiros dias do seu governo.

​Em entrevista à Sputnik Brasil, o professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Maurício Santoro, disse que a continuação de uma má relação entre Bolsonaro e Fernández pode levar a saída do Brasil do Mercosul.

"Há a possibilidade de que uma relação ruim entre Brasil e Argentina leve inclusive à saída do Brasil do Mercosul. Já há declarações de várias autoridades brasileiras nesse sentido", disse o professor.

Segundo Santoro, o principal motivo desse enfrentamento entre os dois presidentes é a desavença sobre a maneira como está sendo conduzida a pauta econômica nos dois países.

"O cerne desse descontentamento do Brasil é um contraste entre um governo brasileiro que quer abrir a economia, que quer liberalizar o comércio internacional, e uma Argentina, que inclusive por conta do seu momento recessivo, vive um momento protecionista de aumentar tarifas e proteger sua economia doméstica. Isso também aponta para um cenário de confrontação", afirmou.

No entanto, para Elaine Santos, socióloga, pesquisadora na Universidade de Coimbra, Brasil e Argentina dependem um do outro e precisarão ser pragmáticos.

"Apesar de posturas bem diferentes, Fernández e Bolsonaro já sinalizaram uma possibilidade de relação pragmática frente ao Mercosul. A Argentina tem o Brasil como um grande parceiro comercial. Ambos os países precisam de algum modo, ainda que atropelado, manter as relações", acredita.

Já Maurício Santoro acredita que precisaremos esperar um pouco mais de tempo para ver se vai ser feita uma reconciliação entre os dois presidentes.

Na dia 12 de dezembro, por exemplo, Bolsonaro chegou a dizer que estaria à disposição caso Fernández deseje visitar o país.

"Se ele quiser nos visitar, estou à disposição. Está convidado, se quiser visitar o Brasil, será motivo de satisfação", declarou Bolsonaro.

Maurício Santoro destaca que essas sinalizações de uma aproximação entre Brasil e Argentina ainda não deram sinais de que serão efetivadas.

"Há alguns indicadores da parte de ambos de que eles querem tentar uma reconciliação, uma aproximação, por conta da importância econômica que Brasil e Argentina tem um para o outro, mas ainda não está realmente claro se isso vai ser efetivado, se a gente vai conseguir ter de fato essa boa agenda bilateral", completou.

O novo governo da Argentina tem mandato até 10 de dezembro de 2023.

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