Concorrência vs. cooperação: cientistas estudam como cérebro lida com tarefas em diferentes culturas

CC0 / geralt / Pixabay / CérebroHomem apunta para o cérebro digital (apresentação artística)
Homem apunta para o cérebro digital (apresentação artística) - Sputnik Brasil
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Cientistas russos realizaram uma pesquisa para estudar como pessoas com formas de pensamento diferentes lidam com a resolução de várias tarefas, e chegaram à conclusão que a cultura determina o tipo de pensamento.

Uma equipe de cientistas da Universidade Estatal de Psicologia e Pedagogia de Moscou (UEPPM) estudou como pessoas com formas de pensamento diferentes lidam com a resolução de tarefas. Os pesquisadores chegaram à conclusão que os portadores de um pensamento "analítico" (principalmente os habitantes da Europa Ocidental, EUA, Canadá, África do Sul e Austrália) resolvem os problemas mais depressa quando existe concorrência, já as pessoas com pensamento "holístico" (Ásia Oriental, América Latina e Rússia) funcionam melhor em cooperação. Os autores da pesquisa preveem usar seus resultados na prática pedagógica.

Os cientistas da UEPPM acreditam que diferentes culturas da humanidade determinam o pensamento analítico ou holístico. O pensamento analítico prevê que se foque a atenção no objeto em si, estudando sua estrutura interna e suas leis. Este tipo de pensamento, próprio sobretudo de países da Europa Ocidental, EUA, Canadá, África do Sul e Austrália, tem a tendência de desconstruir o objeto ou fenômeno em partes, considerando que o total seria, então, a soma de todas as partes. Os "analistas" acreditam que os acontecimentos na vida seguem uma evolução linear e progressiva. Eles maior têm tendência para usar a lógica formal.

O pensamento holístico prevê dedicar maior atenção ao contexto social, faz ênfase nas relações entre objetos e fenômenos. Este tipo de pensamento, próprio dos países da Ásia Oriental, América Latina e Rússia, vê o objeto ou fenômeno no contexto do seu entorno. Os "holistas" consideram a vida como algo que está em alteração constante, compreendendo que as mudanças são frequentemente imprevisíveis. Estas pessoas costumam explicar os diversos acontecimentos pelo contexto das situações.

"Nós mostramos que dentro da cultura russa tanto há analistas (portadores da mentalidade ocidental), quanto holistas (mentalidade oriental). O funcionamento dos cérebros deles durante a resolução de tarefas é diferente, dependendo das interações sociais. Mostramos assim que nos analistas o cérebro trabalha mais rapidamente em condições de concorrência, já nos holistas isso ocorre durante a cooperação", conta Yuri Aleksandrov, professor do Instituto de Psicologia Experimental da UEPPM.

Os pesquisadores acreditam que isso pode explicar por que o individualismo duro e o foco na concorrência são próprios do Ocidente e o coletivismo está bastante presente no Oriente. Porém, não se deve esquecer que qualquer sociedade precisa tanto de uns, quanto de outros.

"Mostramos que os pares compostos de uma pessoa analista e uma holista resolvem tarefas cognitivas melhor (mais rápido e com resultados mais corretos) do que os pares compostos só de analistas ou só de holistas. Por isso podemos falar que eles são complementares entre si", diz Vladimir Apanovich, pesquisador da UEPPM.

Como indicam os cientistas, isso é comprovado por resultados de outra pesquisa, que mostra melhores resultados na resolução de diferentes tarefas quando analistas trabalham junto com holistas. Os analistas são melhores quando é necessário aplicar a lógica ou dividir a tarefa em etapas. Já os holistas dão vantagem quando a tarefa envolve a área emocional e intuitiva, assim como um pensamento associativo e criativo.

Os pesquisadores acreditam que os resultados obtidos podem ser usados na pedagogia, já que as diferenças entre analistas e holistas são mais visíveis durante a aprendizagem.

"Pode-se afirmar que o êxito da aprendizagem pode ser condicionado pelo contexto social: maior existência de concorrência ou de cooperação dentro do grupo", diz Yuri Aleksandrov.

Agora, os cientistas planejam estudar em detalhe o processo de aprendizagem em analistas e holistas para saber como se altera a participação do cérebro durante a aquisição de novos conhecimentos.

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