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Quais prejuízos Brasil pode ter com a desavença entre Bolsonaro e Fernández?

© REUTERS / Ricardo MoraesAlberto Fernández, presidente da Argentina, durante sua posse na Casa Rosada
Alberto Fernández, presidente da Argentina, durante sua posse na Casa Rosada - Sputnik Brasil
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Rompendo a tradição histórica, o presidente brasileiro não compareceu à posse de Alberto Fernández na presidência da Argentina, aumentando a distância entre os governos das duas maiores economias da América do Sul.

Com troca de farpas públicas, acusações e até a "ameaça" de sair do Mercosul, a relação entre os dois governos segue sob tensão, e a economia regional na expectativa de saber como se darão as relações institucionais entre os dois países vizinhos.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o professor de Relações Internacionais da UERJ, Maurício Santoro, afirmou que "é uma pena que o presidente Bolsonaro não vá à posse do seu colega argentino".

"Seria importante, seria um gesto de reconciliação, um gesto de abertura pro diálogo. É muito raro que um presidente brasileiro falte a posse de um colega argentino, a última vez que isso aconteceu foi a quase 20 anos", declarou.

De acordo com ele, os dois países vivem um momento preocupante na relação bilateral e que "os dois presidentes não têm conseguido conviver bem".

"É perfeitamente possível que eles encontrem uma coexistência, um modo de respeitar as opiniões de cada um, porque os interesses comuns do Brasil e da Argentina são muito grandes", argumentou.

​O especialista lembrou que a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e dos EUA, e o maior mercado para as exportações brasileiras industriais. "É importante para o Brasil ter uma Argentina estável, pacífica, próspera, e vice-versa", acrescentou.

Saída do Mercosul?

Ao comentar os principais problemas que o Brasil pode enfrentar ao não ter uma boa relação com o seu vizinho sul-americano, Maurício Santoro afirmou que "o grande problema no curto prazo é o Mercosul".

"O governo brasileiro tem dito em várias situações que há uma possibilidade do Brasil deixar o bloco, principalmente por conta de uma discordância em relação à Argentina na questão das tarifas", declarou o especialista em Relações Internacionais. 

"O Brasil vive um momento em que o governo quer reduzir as tarifas, abrir a economia pro comércio internacional e a Argentina vive uma recessão com uma pressão protecionista muito grande, e com a volta ao poder, os peronistas com mais frequência foram protecionistas do que defensores do livre comércio", acrescentou.

De acordo com ele, isso mostra que ainda não está muito claro como essas visões divergentes vão trabalhar juntas, destacando que "há uma possibilidade de que Brasil e Argentina não consigam chegar a acordos em relação às tarifas do Mercosul", levando a uma saída do Brasil do bloco.

Ao falar sobre a decisão do governo brasileiro de enviar o vice-presidente, Hamilton Mourão, Maurício Santoro concluiu que, dentre as possibilidades, foi a melhor opção, lembrando que o general Mourão também teve um papel importante na normalização das relações com a China.

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