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Sai estrada, entra porto: Lula pediu obra em Cuba, diz Marcelo Odebrecht a jornal

© Folhapress / Giuliano GomesMarcelo Odebrecht presta depoimento em audiência da CPI da Petrobras em Curitiba, em 2015.
Marcelo Odebrecht presta depoimento em audiência da CPI da Petrobras em Curitiba, em 2015. - Sputnik Brasil
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O empresário Marcelo Odebrecht, de 51 anos, afirmou nesta segunda-feira em uma entrevista que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu que a sua empreiteira, a Odebrecht – peça-chave na Operação Lava Jato – realizasse obras em Cuba, devido ao alinhamento ideológico.

Em regime semiaberto a partir deste mês, Odebrecht fez revelações a respeito das relações com a empresa com os mais recentes governos brasileiros, sobretudo os de Lula, os de Dilma Rousseff (PT, de 2011 a 2016), assim como o período do tucano Fernando Henrique Cardoso (1994-2002).

Ao jornal Folha de S. Paulo, o empresário destacou que, em 20 anos de atuação próxima a governos brasileiros, apenas houve um posicionamento geopolítico e ideológico no caso de Cuba, ainda que houvesse uma lógica financeira. Odebrecht disse que Lula queria que uma estrada deteriorada fosse reformada pela empresa, mas outra obra fazia mais sentido.

"Era para fazer a estrada exportando serviços do Brasil, para gerar emprego, renda e arrecadação, e ajudar Cuba a desenvolver o projeto. Fomos lá ver a estrada, mas um tufão havia passado e destruído Cuba. O governo cubano desprezou a estrada, queria casas. Mas a gente avaliou as oportunidades e identificou que o melhor para o Brasil, economicamente e do ponto de vista de exportação de bens e serviços, era fazer um porto em Cuba", declarou.

Ainda de acordo com Odebrecht, o fato de um porto em Mariel ter "muito mais conteúdo que demanda exportação a partir do Brasil" seria importante para que o financiamento oferecido pelo governo brasileiro, por intermédio do BNDES, fosse pago pelo governo cubano. Contudo, lamentou o empresário, isso não aconteceu.

© Roberto Stuckert/Presidência da RepúblicaPorto de Mariel
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Porto de Mariel

A obra em solo cubano gera muitas críticas no Brasil até hoje, sobretudo pela falta de pagamento por parte de Havana. Na opinião de Odebrecht, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) está cometendo um erro, se tivesse como meta receber o que é devido ao BNDES.

"Veja bem, o que o Brasil tinha que pagar de Mais Médicos [pelo acordo, o governo brasileiro pagava apenas uma porcentagem aos profissionais, o restante ia para o governo cubano]. Era menos do que Cuba tinha que pagar para o Brasil. Agora, o Brasil vai e acaba com o Mais Médicos. Quer dizer: o Brasil acabou com a fonte de recurso que ajudava Cuba a pagar o financiamento", explicou.

Na mesma entrevista, Odebrecht admitiu que a empresa agiu por interesses próprios para pressionar pela entrada da Venezuela no Mercosul, e que as relações do Brasil com a China e com os EUA terão peso significativo em projetos estratégicos para o país, como a entrada da tecnologia 5G em solo brasileiro.

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