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Especialista descarta articulação entre Brasil e Argentina contra EUA

© AP Photo / Gustavo GarelloBolsonaro e Macri durante cúpula do Mercosul.
Bolsonaro e Macri durante cúpula do Mercosul. - Sputnik Brasil
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Alvo de possíveis sobretaxas por parte dos EUA, Brasil e Argentina vivem um momento de distanciamento em suas relações, quando, segundo analistas, poderiam se unir para enfrentar juntos as medidas anunciadas por Washington.

Na última semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a decisão de restituir a sobretaxação ao aço e ao alumínio importados do Brasil e da Argentina, acusando os governos dos dois países de desvalorizarem suas moedas — para ganhar em competitividade — e, assim, ganharem vantagem sobre produtores norte-americanos na agropecuária. 

​Distanciados por motivos ideológicos após a eleição presidencial vencida pelo peronista Alberto Fernández, Brasília e Buenos Aires, segundo alguns analistas, passam a ter um problema em comum que poderiam enfrentar em conjunto, buscando a união em vez do afastamento. 

De acordo com o economista e engenheiro Milton Rego, presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), apesar do anúncio feito por Trump, "é muito pouco provável que os Estados Unidos vão fazer alguma coisa". Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista atribui a declaração do chefe de Estado norte-americano à atual corrida eleitoral em vigor nos EUA. Para ele, a postura adotada pelo político seria apenas uma tentativa de mandar um recado para os eleitores. 

​Rego acredita que Trump se equivocou, em primeiro lugar, ao juntar, "na mesma cesta", o aço e o alumínio do Brasil com o alumínio da Argentina, por tratarem de situações diversas entre si.

Ele lembra que, em 2018, ao decidir pela imposição de tarifas ao aço e ao alumínio provenientes do exterior, o governo norte-americano deu duas opções aos exportadores: limitar o fornecimento desses produtos aos EUA de acordo com a média histórica vendida, numa espécie de cota, ou aceitar uma sobretaxa de 25% para o aço e 10% para o alumínio. Enquanto a indústria de aço brasileira e a de alumínio da Argentina optaram pela cota, a indústria de alumínio brasileira preferiu a sobretaxa.

"O Brasil já era um grande exportador de aço para os Estados Unidos, mas o Brasil exportava muito pouco alumínio. E como, naquele ano, o Brasil estava exportando mais, se mantivesse as cotas, o Brasil não conseguiria nem cumprir os contratos", explicou. "Então, no caso do alumínio, não existe mais sobretaxa. A sobretaxa já foi e o Brasil já paga sobretaxa desde junho do ano passado."

No caso do aço e do alumínio da Argentina, eventualmente, segundo o economista, "uma vez que o Congresso já aprovou" a sobretaxa, essa poderia, sim, ser aplicada. No entanto, para ele, os argumentos usados por Trump para justificar tal posição são muito fracos, tanto por relacionar esse setor a disputas agrícolas quanto por acusar os dois países, sem fundamento, de manipularem seus câmbios.

"Eu acho que isso aí faz parte da maneira Trump de negociar. Chuta a porta e depois vai conversar."

​Apesar de serem alvos da mesma agressividade tarifária por parte de Washington, Milton Rego acha pouco provável que Brasil e Argentina se articulem de maneira efetiva para contrapor essa ofensiva norte-americana. Nem tanto por conta das diferenças ideológicas entre os governos, mas, sim, pelas relações que os EUA mantêm com cada país.

"Isso significa que uma posição que o Brasil vá tomar vai fazer pouca diferença com o que a Argentina for fazer, e vice-versa", diz ele. "Essa mudança do governo da Argentina, de um governo mais alinhado com o atual presidente do Brasil para outro, menos alinhado, acho que não faz muita diferença. Porque o que os Estados Unidos esperam, e acho que é a única porta que existe, a única possibilidade que existe neste momento, são discussões bilaterais."

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