Por que Ocidente não vê com bons olhos influência da Rússia na África?

© Sputnik / Ilia PitalevParticipantes do Fórum Econômico Rússia-África
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Mídia estadunidense diz que a Rússia procura exercer influência nos países africanos por quaisquer meios, inclusive usando a desinformação. Quais são afinal os objetivos da Rússia neste continente?

Segundo um artigo publicado no jornal The Washington Post, em sua recente pesquisa em colaboração com o Stanford Internet Observatory, a Rússia está realizando operações de influência tendo em mente vários objetivos políticos.

A Rússia aumentou sua presença na África "retomando as prioridades da política externa da era soviética na busca de novas oportunidades econômicas para atenuar os efeitos das sanções ocidentais impostas após a anexação da Crimeia", aponta o artigo.

Fórum econômico Rússia-África

No fim de outubro, decorreu em Sochi a cúpula e o fórum econômico Rússia-África. Neste evento, Moscou perdoou aos países africanos dívidas no total de cerca de US$20 bilhões, que vinham ainda do período soviético. Para além disso, foram assinados vários acordos importantes em um valor de US$12,5 bilhões.

Os contratos não se limitam exclusivamente às armas e aos produtos agrícolas: a maioria dos contratos foi assinada no domínio das exportações, tecnologias avançadas, transporte e logística, indústrias extrativas e mineração, investimento e setor bancário.

Quem pode ajudar a África a combater o jihadismo e o contrabando?

A África sempre teve graves problemas na organização e desenvolvimento das instituições do Estado, opina o colunista Sergei Savchuk da Sputnik.

As razões destes problemas são várias, desde o mau legado do passado colonial até à pobreza, que serve como semente para o aparecimento de movimentos religiosos radicais, e a manipulação por parte de pessoas que querem manter as incontáveis riquezas de África em suas mãos.

Para além dos conflitos estritamente internos, o continente está sendo cada vez mais afetado por uma onda de islamismo radical, explica Savchuk.

Por exemplo, segundo as avaliações da agência Reuters, somente em 2016 cerca de 446 toneladas de ouro, avaliadas em US$15 bilhões, foram contrabandeadas a partir da Tanzânia, Zâmbia e Gana. O metal precioso é posteriormente vendido de forma ilegal aos Emirados Árabes Unidos em grandes quantidades.

Nenhum Governo gosta de perder exorbitantes montantes de dinheiro para as mãos de jihadistas e outros criminosos, mas não consegue solucionar o problema por conta própria e é aqui que a Rússia poderia ajudar.

© AP Photo / Marc HoferMineiros congoleses escavam em busca de cassiterita, o principal mineral de estanho na mina de Nyabibwe, na República Democrática do Congo
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Mineiros congoleses escavam em busca de cassiterita, o principal mineral de estanho na mina de Nyabibwe, na República Democrática do Congo

Anteriormente, a República Centro-Africana tinha territórios inteiramente controlados por rebeldes insurgentes que praticavam a extração maciça de diamantes. As autoridades do país necessitaram de ajuda e, ao se darem conta da experiência negativa de cooperação com o Ocidente, recorreram à ajuda da Rússia.

De acordo com o presidente da República Centro-Africana, Albert Yaloke Mokpeme, "os terroristas nos causaram enormes prejuízos e o único país que veio em nosso auxílio foi a Rússia. Graças a ela, vamos proteger inteiramente a nossa indústria mineira de extração de diamantes".

Naturalmente, a ajuda não foi gratuita, mas os russos não seguiram a via europeia e americana de extrair recursos sem deixar nada para trás.

"Este resultado não passou despercebido, tanto dentro como fora de África e, aparentemente, foi a razão do grande interesse demonstrado por outros países africanos para com a Rússia. Isto também justifica a atenção demonstrada pelos principais países ocidentais em relação à atividade da Rússia na África. Depois de se habituarem a extrair recursos em meio do caos por meio século, não veem com bons olhos o surgimento de um novo ator que oferece ao continente um serviço alternativo de ordem e segurança", destaca o colunista.

Depois de ajudar com o problema dos islamistas e outros rebeldes na República Centro-Africana, as empresas russas abriram uma emissora de rádio, construíram vários hospitais e albergues para os pobres e até mesmo financiaram um campeonato de futebol local.

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