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Projeto-piloto de Moro para segurança: especialista pede cautela

© Folhapress / Alexandre CampbellAgentes da Polícia Militar durante operação em Vigário Geral, Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ) (foto de arquivo)
Agentes da Polícia Militar durante operação em Vigário Geral, Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ) (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Segundo especialista, a iniciativa do ministro da Justiça é positiva, mas muitas etapas ainda precisam ser cumpridas para uma real implementação do projeto.

Em 29 de agosto, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, lançou um projeto-piloto de segurança pública para cinco cidades e com a intenção de expandir o projeto para todo o país.

O projeto do ministro Moro coloca na mira os crimes violentos, como homicídios, feminicídios, estupros, latrocínios e roubos. Com base no diagnóstico e nos índices de criminalidade, as cidades serão atendidas por meio de iniciativas nas áreas da educação, saúde, habitação, emprego, cultura, esporte e programas sociais.

A primeira fase do projeto-piloto foi batizada de "choque de segurança", e inclui o emprego de diferentes forças policiais (federal, civil e militar) por meio de força-tarefa para desbaratar grupos criminosos organizados.

Em 6 meses, serão investidos R$ 20 milhões para financiar atividades, sendo R$ 4 milhões para cada um dos 5 municípios escolhidos.

Muita calma nessa hora

Em entrevista para a Sputnik Brasil, o ex-comandante do Estado-Maior da PM-RJ e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da UERJ, coronel Robson Rodrigues, avaliou de forma positiva o projeto piloto.

Para o militar, a iniciativa abrirá caminhos para estudar os principais problemas em cada cidade, bem como para tirar conclusões. Por outro lado, o pesquisador demonstrou preocupação com os aspectos políticos da iniciativa.

"O fato de se iniciar um projeto dessa natureza em áreas críticas me agrada. Mas me preocupa a forma como isso vai ser conduzido", afirmou Rodrigues.

"O que me preocupa é quando isso se torna um projeto político. Evidentemente, todas as ações nesse campo vão ser políticas, quando partindo do governo. Mas tem que se valer de uma metodologia científica, se possível de uma instituição isenta, com uma renomada capacidade de avaliação de impactos", acrescentou o coronel.

Para o ex-comandante da PM, a iniciativa ainda está em fase de teste, antes de implementar o projeto nacionalmente, o processo todo deverá passar por críticas construtivas e uma série de avaliações.

"Deverá ter outros testes em outras regiões para confirmar ou refutar algumas hipóteses, e aí teremos um projeto mais robusto metodologicamente e ele será mais viável em termos de escala e de recursos também", destacou o especialista.

"Estamos falando de um teste. O mais importante são os resultados e depois a crítica. Na ciência, quando falamos de metodologia, a crítica é super bem vinda", pontuou o interlocutor da Sputnik Brasil.

Robson Rodrigues citou o exemplo das Unidades Pacificadoras no Rio de Janeiro, que foram adotadas em grande escala, sem realizar uma análise mais profunda dos erros e dos acertos nos planos pilotos. Por isso, o militar defendeu cautela e respeito ao método científico durante todo o processo.

"Essa comemoração precoce, no meu entendimento, das reduções [da violência] pode levar esse projeto ao fracasso. Se a gente entender que isso já está consolidado, que é isso que a gente vai jogar para as outras cidades, sem identificar corretamente um ou outro fator, quando for aplicar vamos ter frustrações", concluiu.
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