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Brancos precisam participar do debate sobre racismo no Brasil, diz especialista

© ©Eduardo Knapp/FolhapressRetrato do Frei David Santos, da ONG Educafro
Retrato do Frei David Santos, da ONG Educafro - Sputnik Brasil
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Na data em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, presidente da ONG Educafro disse à Sputnik Brasil que é preciso envolver o branco no debate sobre racismo e que governo Bolsonaro tem postura omissa diante da questão.

Segundo frei David Santos, houve conquistas para a população negra brasileira nos últimos anos, mas o racismo estrutural ainda persiste e as oportunidades ainda não são iguais para todos.

Como conquistas, o diretor-executivo da Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes) citou pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada recentemente indicando que o número de negros nas universidades públicas passou, pela primeira vez, o de brancos.

"Estamos vivendo um processo bonito enquanto comunidade negra. A pesquisa é resultado de uma plantinha que semeamos, mas agora queremos dar o segundo passo, ajudar as universidades federais entenderem que nós não queremos ser só a maioria dos alunos, queremos ser a maioria nos cursos de medicina, direito, engenharia", afirmou Santos.

Para ele, a democratização do ensino superior foi fruto da "da luta das cotas" raciais, que reservou vagas nas instituições de ensino para estudantes negros, algo alcançado com "um trabalho muito intenso".

Injustiças no mercado de trabalho

Segundo o relatório Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, o país tinha mais de 1,14 milhão de estudantes autodeclarados pretos e pardo, enquanto os brancos ocupavam 1,05 milhão de vagas em instituições de ensino superior públicas. Isso equivale, respectivamente, a 50,3% e 48,2% de 2,19 milhões de brasileiros.

No entanto, Santos disse que os negros ainda enfrentam muitas injustiças na sociedade, por exemplo na inserção no mercado de trabalho.  

"Há vários testemunhos de pessoas negras que foram muito bem em todo processo seletivo, mas, na reta final, a vaga ficou com um branco, e o negro foi preterido", avaliou.

Para fortalecer a luta contra o racismo, o militante aponta alguns caminhos. Entre eles, convocar os brancos a participar do debate.

'Brancos precisam tomar consciência do privilégio de ser branco'

"Precisa mudar e vai mudar quando brancos tomarem consciência do privilégio de ser branco na sociedade brasileira. Quando os brancos tomarem consciência de que não é possível o Brasil ser melhor sem investimento para combater o racismo, algo cruel que faz imenso mal para a sociedade brasileira", opinou.

© Tânia Rêgo / Agência BrasilGrupos negros homenageiam o Dia Nacional da Consciência Negra no Rio de Janeiro em frente ao monumento a Zumbi dos Palmares na região central da cidade.
Brancos precisam participar do debate sobre racismo no Brasil, diz especialista - Sputnik Brasil
Grupos negros homenageiam o Dia Nacional da Consciência Negra no Rio de Janeiro em frente ao monumento a Zumbi dos Palmares na região central da cidade.

Ele também sugeriu que policiais passem por um treinamento para "adotar uma postura não discriminatória". Segundo a edição do Atlas da Violência divulgado em 2019, 75,5% das vítimas de assassinato em 2017 no Brasil eram indivíduos negros

Além disso, sugeriu programas para que "empresas mudem sua postura em referência à inclusão do negro na sociedade".

Bolsonaro é 'omisso e desonesto'

Sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro, disse que é "totalmente omisso e desonesto" com a causa, pois ele "cortou todas as verbas para implementar politicas públicas para negros". 

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, marca a morte do líder negro Zumbi dos Palmares, que lutou pela libertação dos escravos e foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.

Uma data para celebrar, outra para protestar

David Santos explicou que a data representa para os negros a celebração das "coisas que temos conquistado com muita determinação e garra". Enquanto isso, o 13 de maio, dia em que a Lei Áurea foi sancionada, extinguindo a escravidão, é de "protestos", pois o país não criou os meios para inserir os negros na sociedade capitalista e até "hoje o Brasil não reparou esse estrago".

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