Protestos no Irã: o aumento no preço dos combustíveis pode levar a uma nova revolução?

© REUTERS / Hannibal HanschkeManifestantes durante protestos organizados pelo Conselho de Resistência do Irã na Alemanha para objetar ao aumento do preço dos combustíveis no Irã, realizado em Berlim, no dia 17 de novembro de 2019
Manifestantes durante protestos organizados pelo Conselho de Resistência do Irã na Alemanha para objetar ao aumento do preço dos combustíveis no Irã, realizado em Berlim, no dia 17 de novembro de 2019 - Sputnik Brasil
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Após dobrar o preço dos combustíveis no país, governo iraniano enfrenta nova onda de protestos. Especialistas ouvidos pela Sputnik Persa avaliam quais os riscos de uma nova revolução contra o governo de Teerã.

Em 16 de novembro, o governo iraniano anunciou que o preço dos combustíveis iria praticamente dobrar em todo o país. No Irã, que é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, os preços dos combustíveis são altamente subsidiados pelo Estado.

Como resultado da medida, o custo de um litro de gasolina no sistema especial de cotas – que atende taxistas, caminhoneiros, motoristas de ambulâncias –  subiu em torno de 50%, atingindo 15 mil riales, cerca de R$ 1,49 por litro. A gasolina para o consumidor comum passou a custar R$ 2,98 o litro.

© AP Photo / Vahid SalemiMulher enche o tanque de seu carro em posto da capital iraniana, Teerã, em 15 de novembro de 2019. Os preços dos combustíveis são subsidiados pelo Estado iraniano
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Mulher enche o tanque de seu carro em posto da capital iraniana, Teerã, em 15 de novembro de 2019. Os preços dos combustíveis são subsidiados pelo Estado iraniano

De acordo com Emad Abshenass, cientista político de Teerã, os aumentos irão influenciar negativamente os indicadores econômicos do país:

"Até agora, não sentimos efeitos significativos do aumento dos preços do combustível. No entanto, esse aumento se reflete em outros indicadores econômicos. Não podemos esperar que, com o aumento dos preços dos combustíveis, os serviços de transporte, a entrega e os preços das mercadorias permaneçam como estavam", disse Abshenass à Sputnik Persa.

O cientista político acredita que os protestos estão relacionados com as sanções econômicas impostas pelos EUA contra o Irã:

"A influência de forças estrangeiras nos protestos em Teerã é clara. Principalmente no que se refere aos EUA (...) o objetivo das sanções [econômicas] impostas é levar os iranianos às ruas para protestar contra o governo."

Para o docente do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Academia de Ciências da Rússia (IMEMO RAN, na sigla em russo), Nikolai Kojanov, as declarações do governo iraniano de que há intervenção estrangeira no levante "fazem parte da luta ideológica".

"Esses protestos se incluem na guerra informacional travada entre os EUA e o Irã (...) os protestos podem impressionar do ponto de vista geográfico (...) mas estão longe de igualar as manifestações de 2009, que foram as maiores dos últimos 20 anos", notou Kojanov.

Para o acadêmico, apesar da escala, os protestos não devem gerar uma revolução ou mudança de regime:

"O governo iraniano parece estar suficientemente organizado e preparado para controlar a situação (...) o método adotado pelo governo no Irã é o do 'morde e assopra': pressão dura sobre a parcela mais ativa dos manifestantes e tentativa de compromisso com a parcela menos ativa e majoritária, inclusive por meio de concessões", concluiu o docente.

O país persa enfrenta uma nova onda de protestos, desencadeados pelo aumento dos preços dos combustíveis. Mais de cem bancos foram incendiados, assim como supermercados e instituições financeiras. A polícia usou da força para dispersar manifestantes e há relatos de vítimas fatais.

© AP Photo / Abdolvahed MirzazadehAgência estudantil do Irã (ISNA) publica foto de posto de gasolina que teria sido incendiado após o aumento dos preços dos combustíveis, em 17 de novembro de 2019
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Agência estudantil do Irã (ISNA) publica foto de posto de gasolina que teria sido incendiado após o aumento dos preços dos combustíveis, em 17 de novembro de 2019

Após a greve de comerciantes, os deputados se rebelaram contra o porta-voz do governo e presidente do parlamento iraniano, Ali Larijani, acusando-o de perder o controle da situação.

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