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Voo entre Malvinas e SP é chance para 'diplomacia de Estado', diz analista

© REUTERS / Marcos BrindicciHomem segurando bandeira argentina com imagem das ilhas Malvinas (foto de arquivo)
Homem segurando bandeira argentina com imagem das ilhas Malvinas (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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A criação de uma linha comercial de voos ligando as Malvinas a São Paulo gerou um pedido da Casa Rosada para que as autoridades brasileiras não comentem ou apoiem a medida.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o pedido foi feito informalmente pela chancelaria de Buenos Aires e acatado pelo Itamaraty. 

A Argentina teme que uma posição brasileira sobre o voo inaugurado pela Latam possa ser lida como um apoio à soberania do Reino Unido sobre o arquipélago pouco povoado, mas com amplas reservas de petróleo. 

Argentina e Reino Unido já chegaram a disputar militarmente as Malvinas, que os britânicos chamam de Ilhas Falkland, em 1982. O conflito durou 74 dias e o combate deixou 649 argentinos e 255 britânicos mortos. A derrota argentina desgastou a já combalida ditadura militar e precipitou a saída dos militares do poder.

Hoje, as Malvinas são um território ultramarino do Reino Unido e a população local escolheu, por meio de plebiscito em 2013, permanecer nessa condição.

Ainda assim, ressalta o professor de Relações Internacionais da Universidade Presbiteriana Mackenzie Arnaldo Francisco Cardoso, o tema é "sensível".

Cardoso acredita que o episódio pode ser uma chance do "real interesse nacional se sobrepor às rusgas" que já marcaram a interação entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández — que assume em 10 de dezembro.

Bolsonaro chegou a afirmar que milhares de argentinos deixariam o país caso Fernández fosse eleito e torcia pela reeleição do atual presidente Mauricio Macri. O presidente brasileiro também irá quebrar uma tradição e não prestigiará a posse de Fernández. O governo brasileiro será representado no evento pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra.

Fernández é um defensor convicto do ex-presidente Lula e já classificou Bolsonaro de "racista, misógino e violento".

"Historicamente, a diplomacia brasileira tem uma política sobre as Malvinas, então é um tema que é percebido como política de Estado e não só de governo. Podemos reconhecer isso de muito tempo, se a gente voltar nas origens da ocupação britânica sobre o arquipélago das Malvinas, isso remonta ao período do Império no Brasil. Estamos falando aí do começo do século XIX, desde então a representação brasileira em Londres já se posicionava criticamente a essa ocupação. Se avançamos a períodos mais recentes, vamos lembrar que tem resolução da ONU de 1965 tratando o tema das Malvinas como um tema de descolonização, nesse sentido a diplomacia brasileira tem uma posição que converge com a defesa da soberania da Argentina sobre as ilhas", diz à Sputnik Brasil o professor do Mackenzie.

Cardoso diz que "prefere pensar" que as diferenças entre os presidentes de Brasil e Argentina ficarão restritas ao "plano pessoal" e que a atual situação econômica dos dois países mostra que os laços entre as duas nações são importantes e necessários. 

"Prefiro acreditar que vai prevalecer o bom senso e a racionalidade na condução da política externa do Brasil com a Argentina", afirma. 

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