Governo interino da Bolívia ameaça prender partidários de Morales por 'subversão e rebelião'

© AP Photo / Marco BelloSenhora indígena caminha pelas ruas de La Paz após protestos. Crise política no país começou em 21 de Outubro, após resultados preliminares de eleições presidenciais
Senhora indígena caminha pelas ruas de La Paz após protestos. Crise política no país começou em 21 de Outubro, após resultados preliminares de eleições presidenciais - Sputnik Brasil
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O governo interino da Bolívia anunciou a criação de um "instrumento especial" que se encarregará de prender os legisladores vinculados ao Movimento ao Socialismo (MAS), o partido de Evo Morales, "que cometam atos subversivos e sedição".

O ministro interino do Interior, Arturo Murillo, afirmou que as prisões vão ser iniciadas nesta segunda-feira (18). "A partir de segunda-feira vou ordenar, e já tenho listas que estão sendo passadas por líderes de várias zonas, vão começar a detê-los com ordens fiscais", declarou.

"Há senadores e senadoras, deputados e deputados, nem todos, alguns deles, alguns deles, que vou começar a publicar seus nomes, que estão fazendo subversão", assegurou o ministro interino do Interior, Arturo Murillo.

Ele também afirmou que tanto "os líderes como os próprios cidadãos" repassam informações sobre as pessoas que "estariam cometendo rebelião contra o atual governo interino".

O presidente deposto Evo Morales reagiu no Twitter:

​"No lugar da pacificação, ordenam a difamação e a repressão contra os irmãos do campo que denunciam o golpe de Estado. Depois de massacrar 24 indígenas, estão agora preparando um Estado de Sítio. Seria a confirmação de que, ao pedir democracia, instalaram uma ditadura"

Indo atrás de 'traidores'

Já na semana passada, quando assumiu interinamente o Ministério do Governo, Murillo afirmou que o novo Executivo do país sul-americano irá "à caça" de Juan Ramón Quintana, ministro da Presidência durante a Administração Socialista, e Raúl García Linera, irmão do ex-presidente Álvaro García Linera, exilado no México.

© REUTERS / Carlos Garcia RawlinsApoiadores de Evo Morales empunham a bandeira Wiphala em novos protestos em La Paz, em 14 de novembro de 2019
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Apoiadores de Evo Morales empunham a bandeira Wiphala em novos protestos em La Paz, em 14 de novembro de 2019
"Que comecem a correr, vamos apanhá-los. Não vamos permitir que ninguém mais continue fazendo sedição no país", declarou minutos depois de tomar posse.

Murillo acredita que Quintana e García Linera foram supostamente responsáveis pelos tumultos que ocorreram no domingo (17) após a renúncia de Morales, que deixou o cargo após o pedido público de renúncia feito pelas Forças Armadas e pela Polícia.

Um decreto controverso

Na sexta-feira (15), foi publicado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) um decreto assinado pelo governo interino.

O texto autoriza os militares a usar "todos os meios disponíveis" para controlar as manifestações e isenta de "responsabilidade criminal o pessoal das Forças Armadas bolivianas que participam de operações para restaurar e estabilizar a ordem interna". A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou no sábado (16) a emissão do mesmo como um "decreto grave".

De acordo com estimativas da CIDH, um total de 23 pessoas foram assassinadas e 715 feridas desde 20 de outubro, dia das eleições na Bolívia, 20 delas desde a renúncia de Morales.

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