Evo Morales pede diálogo nacional por temer guerra civil na Bolívia

© AP Photo / Eduardo VerdugoMandatário deposto da Bolívia, Evo Morales, concede entrevista na Cidade do México, na noite do dia 14 de novembro de 2019 (foto de arquivo)
Mandatário deposto da Bolívia, Evo Morales, concede entrevista na Cidade do México, na noite do dia 14 de novembro de 2019 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
Nos siga no
O ex-presidente boliviano Evo Morales confessou que tem "muito medo" de uma guerra civil no seu país, pediu a seus compatriotas que acabem com os confrontos e apelou a um "diálogo nacional".

"Tenho muito medo. Na nossa gestão unimos campo e cidade, leste e oeste, profissionais e não profissionais. Agora vêm grupos violentos", respondeu Morales em entrevista à agência EFE, quando questionado sobre o risco de uma guerra civil na Bolívia.

Do seu exílio no México, Morales acusou as Forças Armadas e a Polícia de estarem "matando o povo", referindo-se às "23 mortes por balas", e explicou que renunciou no dia 10 de novembro "para que não houvesse mais agressões" contra seus companheiros e para "evitar um banho de sangue".

O presidente demissionário não vê outra alternativa senão iniciar um "grande diálogo nacional" na Bolívia, do qual gostaria de fazer parte.

Mediação da crise

Morales é a favor que a Espanha e outros países participem da "mediação para a pacificação", para acabar com a crise no país boliviano.

"Meu grande desejo é que haja diálogo com a participação de mediadores", comenta o ex-presidente boliviano.

Morales também está decepcionado com a Organização dos Estados Americanos (OEA), que ele critica por tomar "decisões políticas" em seu relatório preliminar sobre as eleições e por se juntar ao golpe de Estado.

"Agora percebo qual é o papel da OEA na América Latina", ressalta o ex-líder indígena, que defende "a revisão, reestruturação, refundação ou, finalmente, o enterro" da organização.

Ele também está "convencido" de que "por trás deste golpe há interesses transnacionais e, especialmente, interesses norte-americanos", que foram os primeiros a reconhecer as novas autoridades.

"Venho de uma família muito humilde e os valores que aprendi na família são 'não roubar, não mentir, não ser preguiçoso'. Vim para a presidência com verdade e honestidade", enfatizou.

© REUTERS / Carlos Garcia RawlinsManifestação contra Evo Morales na Bolívia em 9 de novembro de 2019.
Evo Morales pede diálogo nacional por temer guerra civil na Bolívia - Sputnik Brasil
Manifestação contra Evo Morales na Bolívia em 9 de novembro de 2019.

O primeiro presidente indígena da Bolívia reiterou sua gratidão ao presidente do México, ao governo e ao povo mexicano por ter "salvo sua vida", embora não descarte que possa haver "ameaças e ataques" contra ele, além de confessar sentir falta de sua vida na Bolívia.

"Algo que alguns países exageradamente industrializados não nos perdoam é que um país socialista pôde demonstrar que com a política de esquerda há futuro", explica Morales.

Renúncia presidencial

No dia 10 de novembro, as Forças Armadas e a polícia pediram publicamente a renúncia do então presidente boliviano Morales, que havia vencido pela quarta vez consecutiva a eleição presidencial de outubro. Sua vitória, não reconhecida pela oposição, causou uma onda de protestos e violência no país sul-americano.

Após a renúncia de Morales, a segunda vice-presidente do Senado, da oposição, Jeanine Áñez, assumiu interinamente os poderes presidenciais.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала