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Bolsonaro enfrentará dificuldades em qualquer legenda, avalia especialista

© Folhapress / Pedro LadeiraPresidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de entrega de ônibus escolares em Goiânia
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de entrega de ônibus escolares em Goiânia - Sputnik Brasil
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O PSL é uma "legenda de aluguel", mas o presidente Jair Bolsonaro, de "retórica anti-partidária", enfrentará dificuldades em qualquer sigla, disse à Sputnik Brasil o cientista político Gulherme Carvalhido.

Segundo um grupo de deputados do PSL, que se reuniu nesta terça-feira (12) com o presidente no Palácio do Alvorada, Bolsonaro tomou a decisão de deixar a legenda e criar um novo partido, que se chamará Aliança pelo Brasil. A decisão coloca um ponto final numa briga que já dura meses. 

Mais tarde, o próprio chefe de Estado confirmou a notícia. "Hoje anunciei minha saída do PSL e início da criação de um novo partido: 'Aliança pelo Brasil'. Agradeço a todos que colaboraram comigo no PSL e que foram parceiros nas eleições de 2018", escreveu no Facebook. 

A nova legenda será o nono partido da carreira política de Bolsonaro. Ele esteve em sete siglas como deputado e entrou para o PSL em março de 2018, para concorrer nas eleições presidenciais. 

"A formação do PSL foi uma grande forçação de barra, é um partido de aluguel, formado muito rapidamente. Era um partido pequeno que aceitou as condições de Bolsonaro no ano passado, e foi muito bem sucedido, conseguiu a presidência, alguns governos e uma quantidade absurda de deputados. Toda essa disputa tem origem em 2018", afirmou Carvalhido, que é professor da Universidade Veiga de Almeida no Rio de Janeiro. 

Bolsonaro brigou com o presidente do PSL, Luciano Bivar, e se formaram dois grupos na legenda, dos bolsonaristas, que querem acompanhar Bolsonaro para onde ele for, e daqueles que desejam permanecer no partido. 

Em um desdobramento da disputa, o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), apoiado pelos bivaristas, perdeu seu posto para Eduardo Bolsonaro (SP). Além disso, um grupo de parlamentares da sigla entrou com pedido de expulsão de membros da ala bolsonarista. 

'Governabilidade são outros quinhentos'

O cientista político frisou que disputar eleições é bem diferente de estar no poder. "Na hora da governabilidade, na hora de exercer a política em si, são outros quinhentos. Apareceram os rachas que existiam dentro do partido, uma disputa pelo que é mais importante nas eleições de 2020, como destinar a verba do fundo partidário, que vai ser grande devido ao número de deputados que fizeram", argumentou. 

Ao se tornar o segundo maior partido da Câmara, o PSL aumentou sua participação no fundo partidário de R$ 9,7 milhões, em 2018, para R$ 110 milhões, em 2019. Em 2020, o valor deve ficar entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões.

O professor considera que a disputa chegou a um ponto no qual Bolsonaro tinha uma única saída: deixar o partido e formar uma nova sigla. "Para Bolsonaro vai ser mais fácil criar algo do zero, é o melhor nesse momento para ele. Um partido com a cara dele, com a estrutura dele, com a ideologia dele", ponderou. 

Dificuldade para se 'encaixar' nas regras

No entanto, o professor frisou que o presidente tem uma "retórica anti-partidária, anti-sistêmica", o que traz dificuldades para ele se "encaixar nas regras" de uma legenda, por isso "vai pulando de sigla em sigla". 

"Para ter maior sucesso o melhor para ele agora é formar um partido próprio", disse Carvalhido, ressaltando que o presidente irá enfrentar problemas parecidos em qualquer nova legenda. "Um partido é uma coisa orgânica, com núcleos disputando o poder dentro de uma estrutura legal", afirmou. 

Novo partido precisa de 491 mil assinaturas

Para criar o Aliança pelo Brasil, o presidente e seus apoiadores precisarão reunir 491 mil assinaturas originais até março do ano que vem. Advogados de Bolsonaro querem fazer uma coleta digital, por meio de um aplicativo, mas a Justiça Eleitoral precisaria aceitar a inovação. Segundo o cientista político, a "boa estrutura" do chefe de Estado nas redes sociais pode ajudar nessa tarefa. 

O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) inclusive já entregou o pedido de desfiliação do PSL e iria se dedicar a criação da nova legenda. A primeira reunião da sigla está marcada para o dia 21 de novembro.

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