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Desemprego e corte de políticas sociais aumentaram extrema pobreza no Brasil, diz especialista

© Folhapress / Danilo VerpaDesempregados enfrentam fila em busca de uma oportunidade de trabalho na 4° edição do Mutirão de Emprego, na sede do Sindicato dos Comerciários, centro de São Paulo, em 17 de setembro de 2019
Desempregados enfrentam fila em busca de uma oportunidade de trabalho na 4° edição do Mutirão de Emprego, na sede do Sindicato dos Comerciários, centro de São Paulo, em 17 de setembro de 2019 - Sputnik Brasil
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O IBGE divulgou um estudo nesta semana revelando que os índices de extrema pobreza no Brasil são os maiores desde 2012. A Sputnik Brasil conversou com o economista Fábio Sobral sobre as principais causas para esses números.

Segundo uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de brasileiros vivendo abaixo da linha da extrema pobreza chegou a 13,5 milhões, ou seja, de pessoas que dispõem de menos de US$ 1,90 por dia, o que equivale a aproximadamente R$ 145 por mês. Este é o maior contingente de pessoas nesta condição na série histórica do estudo, iniciada em 2012.

Ao comentar os principais motivos que levaram o Brasil a esse índice, Fábio Sobral, professor de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), em entrevista à Sputnik Brasil, citou o desemprego em larga escala e o corte de políticas sociais.

"Certos benefícios de prestação continuada [BPC] são fundamentais para evitar essa extrema pobreza. Mas principalmente a queda na atividade econômica leva a perda de empregos e isso gera um efeito em cascata, onde o emprego direto acaba fazendo aparecer os empregos indiretos. Setores comerciais demitem com a queda do consumo, setores industriais passam a não ter mais as encomendas desses setores comerciais, setores de transportes também são afetados, e aí ocorre esse efeito de associação", argumentou.

De acordo com o especialista, o aumento dos indicadores de pobreza extrema no Brasil afetam a capacidade de retomar o crescimento por conta da perda do poder de consumo da população, o que, de acordo com ele, gera um ciclo.

"A maior parte do consumo vem das pessoas que ganham até dois salários mínimos, e a redução desse pessoal significa uma redução significativa do consumo. As pessoas mais ricas tendem a aplicar no mercado financeiro os seus ganhos, além do que supera o seu consumo pessoal.

​Fábio Sobral cita que junto com um aumento de pessoas abaixo da linha da pobreza o Brasil tem um número de desempregados de mais de 12 milhões de pessoas, cerca de 24% da força de trabalho individual e informal, além de uma elevação em índices recorde de pessoas sem carteira assinada.

"Já existem mais trabalhadores informais do que formalizados, o trabalhador informal tende a trabalhar mais horas e a ganhar menos. Na verdade há um momento de substituição dos trabalhadores formalizados pelos trabalhadores informais, porque rende uma maior lucratividade para o capital", diz o especialista.

"Então a escolha por uma lucratividade imediata significa o desaparecimento de amplas parcelas de consumidores, o que acaba revertendo no aprofundamento da crise econômica", completou o economista.

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