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Brasil na OPEP, bom negócio ou furada?

© Sputnik / Laura Korobkova / Acessar o banco de imagensUma plataforma petrolífera perto do Rio de Janeiro
Uma plataforma petrolífera perto do Rio de Janeiro - Sputnik Brasil
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A entrada do Brasil para a OPEP pode ser "excelente", mas o país "precisa se perguntar" por que quer entrar para o organismo, os riscos que isso traz e se tem "condições" de cumprir com as obrigações de fazer parte do grupo.

Essa é a opinião do economista Ricardo Gennari sobre o convite informal que o Brasil recebeu da Arábia Saudita para entrar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo, segundo anunciou o presidente Jair Bolsonaro durante sua viagem para a Arábia Saudita.

“Em primeiro lugar precisamos saber o que queremos. Nós queremos entrar na OPEP? Temos condições? São perguntas simples que nós mesmos temos que responder. Não é só dizer que está lá”, afirmou à Sputnik Brasil o diretor-presidente da consultoria privada Troia Intelligence.

Segundo ele, a entrada na entidade que reúne os maiores produtores de petróleo do mundo poderia contrariar os interesses de alguns países e potências mundiais. “Tem a questão geopolítica, países com interesses comuns e interesses adversos. A gente tem parceiros, mas também adversários, precisamos saber onde realmente estamos pisando”, disse.

'Poder de discutir valores e exploração'

O especialista fez uma comparação com a entrada na OTAN. "Tem um monte de regras, legislações e dinheiro que o país tem que financiar. Mesma coisa com a OTAN. Você pode até ir, mas tem obrigações que todo mês tem que cumprir. Temos que ver se nós brasileiros temos interesse de entrar. Levantar o custo disso. Não é só achar que assinou e está dentro, tem todo um mecanismo que precisa cumprir", ponderou Gennari.

Apesar da cautela, o economista considera uma possível entrada para a OPEP bastante positiva. "É uma excelente notícia para o Brasil", disse. Para ele, fazer parte do grupo aumentaria o "poder politico" do país e geraria recursos. Além disso, mesmo que ainda não esteja em pé de igualdade para determinar o preço final do barril de petróleo, o Brasil ficaria "no seleto grupo com condições de discutir valores, situações de exploração e tecnologia".

Gennari ressalta ainda que o pré-sal faz com que o Brasil tenha "total condições" de entrar na entidade, mas acredita que o país "não explora isso como deveria, no sentido de produzir e ser autossuficiente e revender o excedente".

Em tour pelo Oriente Médio, Bolsonaro falou sobre o convite nesta quarta-feira (30), à margem da conferência Future Investment Initiative, em Riad. Na Arábia Saudita, ele se reuniu com autoridades locais, incluindo o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman.

Processo pode ser mais simples que entrada na OCDE

O presidente afirmou  que não há qualquer decisão sobre o assunto e ainda precisa consultar os ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Economia, Paulo Guedes.

A OPEP não é o único organismo econômico internacional no qual o Brasil demonstrou interesse em  participar. O governo faz campanha aberta para ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A entrada, no entanto, precisa do apoio de todos os integrantes e deve demorar, já que outros países estão na fila. Para Gennari, o processo em relação à OPEP pode ser mais simples, caso o convite seja feito pela Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, as nações que "realmente mandam" no organismo.

A OPEP, criada em 1960 em Bagdá, no Iraque, conta com 14 países-membros e tem como objetivo centralizar a administração de petróleo de seus integrantes, bem como os preços dos barris de óleo cru e derivados no mercado. Na América Latina, Equador e Venezuela fazem parte do grupo, mas Quito anunciou que deixará a entidade em 2020. 

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