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Antiga parceira da Odebrecht, mineradora de diamantes de Angola avança nos negócios com Rússia

© Sputnik / Artur LebedevBandeiras do Fórum Econômico Rússia-África na cidade de Sochi
Bandeiras do Fórum Econômico Rússia-África na cidade de Sochi - Sputnik Brasil
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Com a organização do Fórum Econômico Rússia-África, Angola está marcando presença no evento, que tem como um dos importantes temas de discussão a indústria de diamantes.

Para entender um pouco mais o que liga a Rússia a Angola, e como foi a parceria brasileira na mineração de diamantes com as duas nações, a Sputnik Brasil conversou com José Manoel Augusto Ganga Júnior, presidente do Conselho de Administração da Endiama E.P., estatal angolana de prospecção, reconhecimento, exploração, lapidação e comercialização de diamantes.

O presidente do Conselho de Administração da Endiama desembarcou recentemente em Sochi para participar do Fórum Econômico Rússia-África com a esperança de fortalecer as relações com a Rússia na mineração de diamantes.

"Esperamos que se estreitem cada vez mais as relações [russo-angolanas] neste mundo globalizado e [esperamos] uma grande interdependência entre nós. Concretamente, com a Rússia já temos uma correlação bastante forte no domínio dos recursos minerais, particularmente dos diamantes, que é minha área. Queremos expandir a relação já existente e esperamos que os diamantes sejam a fonte de inspiração para essa multiplicação", revelou Ganga Júnior à Sputnik Brasil.

Parceria Rússia-Angola

No que diz respeito ao setor diamantífero, a parceria russo-angolana ganha força com a Alrosa, empresa de mineração de diamantes da Rússia, de um lado, e com a Endiama angolana do outro.

© Sputnik / Aleksei DruzhininDiretor da empresa russa de mineração de diamantes Alrosa, Sergei Ivanov, e presidente do Conselho de Administração da Endiama E.P., Ganga Júnior
Antiga parceira da Odebrecht, mineradora de diamantes de Angola avança nos negócios com Rússia - Sputnik Brasil
Diretor da empresa russa de mineração de diamantes Alrosa, Sergei Ivanov, e presidente do Conselho de Administração da Endiama E.P., Ganga Júnior

Com 41% de participação na Sociedade Mineira de Catoca, a Alrosa possui participação igualitária à da angolana Endiama. Já a empresa chinesa Lev Leviev Internacional (LLI) entra com 18% na sociedade.

De acordo com Ganga Júnior, "a colaboração entre Rússia e Angola é de 1997, se não me engano, já são mais de 20 anos. Mas mesmo antes da constituição da Endiama e do domínio da organização dos setores geológicos mineiros, já se contava com uma participação da Rússia muito forte".

Se antes a Rússia entrava na parceria diamantífera com Angola através do mapeamento, topografia e cartografia, hoje é evidenciado uma expansão do leque de participação russa na busca por novos pontos de mineração de diamantes em Angola.

Ganga Júnior revelou para a Sputnik Brasil a criação de conselhos empresariais para atrair investidores russos, e para exportar investidores angolanos a terras russas.

"Constituímos conselhos de negócios empresariais para juntar a Rússia com Angola, dar a oportunidade a russos que querem ir para Angola e a angolanos que querem vir para a Rússia para investirem", revelou.

Odebrecht: antiga parceira na mineração de diamantes

A Sociedade Mineira de Catoca, que é responsável pela extração de mais de 75% dos diamantes angolanos, antes contava com acionistas de quatro nações – de Angola, Rússia, China e Brasil.

© YASUYOSHI CHIBA / AFPPlaca da Construtora Odebrecht na Vila Olímpica e Paralímpica no Rio de Janeiro
Antiga parceira da Odebrecht, mineradora de diamantes de Angola avança nos negócios com Rússia - Sputnik Brasil
Placa da Construtora Odebrecht na Vila Olímpica e Paralímpica no Rio de Janeiro

Com o escândalo de corrupção que caiu sobre a empreiteira brasileira Odebrecht, em 2017, a participação brasileira (16,4%) na Sociedade Mineira de Catoca foi vendida aos lados russo e angolano.

Ganga Júnior relembrou que a empreiteira brasileira "surgiu [na sociedade de mineração de diamantes em Angola] a convite das autoridades angolanas", e destacou que "o Brasil está muito bem implantado empresarialmente em Angola, na construção civil, nas tecnologias de informação, no comércio, enfim, contamos com o Brasil em várias atividades".

O presidente do Conselho de Administração de Endiama ainda lamenta a saída brasileira da sociedade de mineração de diamantes, mas se mostra aberto a novas parcerias com o Brasil, primeiro país a reconhecer Angola depois de sua independência.

"Foi uma pena, conforme disse, nós convidamos a Odebrecht para integrar o projeto [de mineração de diamantes em Angola] exatamente pelo reconhecimento de sua tecnologia empresarial [...], mas quem sabe, outras oportunidades existirão para empresas brasileiras e, aliás, estamos abertos para negócio."

Angola: 'virgem' em mineração e lutadora pela desminagem

Segundo Ganga Júnior, Angola costuma ser considerada terra "virgem" no domínio da mineração, não só de diamantes como de outros minerais. "Temos estado a promover o fortalecimento do investimento estrangeiro em Angola", ressaltou.

A mineração de diamantes é uma atividade realizada no solo, e, em se tratando de Angola, há um cuidado a ser levado em conta antes da exploração: a desminagem.

Angola entra na lista de países com presença de minas terrestres. De acordo com Ganga Júnior, trata-se de "um problema real, mas com solução".

"A Endiama não tem esse problema, pois está a ser feito um trabalho muito grande de desminagem. Em toda Angola, os resultados da desminagem estão a ser bons. Vale ressaltar que antes da atividade de exploração, nós fazemos primeiro a desminagem, então temos estado a ultrapassar isso. É um problema real, mas com solução."

Fórum Econômico Rússia-África

O evento, que visa unir ainda mais a Rússia e todo o continente africano, está sendo organizado na cidade balneária russa de Sochi entre os dias 23 e 24 de outubro.

Trata-se de um espaço de discussão dos atuais ramos de negócios promissores e de fortalecimento das relações econômicas já existentes entre as nações participantes. Além do mais, é um ótimo espaço para fechar negócios.

O Fórum Econômico Rússia-África deste ano conta com participação de representantes de empresas e de governos de 43 países africanos.

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