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BRICS e cultura: muito além das cúpulas de estado

© Sputnik / ArquivoBandeiras dos países membros do BRICS (imagem de arquivo)
Bandeiras dos países membros do BRICS (imagem de arquivo) - Sputnik Brasil
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Os BRICS são mais do que um bloco político e se tornaram plataforma para trocas culturais e institucionais, envolvendo vários setores da sociedade civil, afirmam especialistas que participaram de encontro do grupo no Rio de Janeiro.

A expedição cultural Great Teachers of BRICS está realizando desde o dia 14 de outubro uma série de eventos no Rio de Janeiro. Na quinta-feira (17), o projeto promoveu um seminário no Campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Serguei Shumilov, representante da agência estatal Rossotrudnichestvo no Brasil, recorda o surgimento dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e suas transformações. Ele participou do evento na Praia Vermelha, feito com apoio do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID) da UFRJ. 

"Os BRICS foram criados como um bloco econômico. A primeira cúpula de chefes de Estado aconteceu em 2009, em Ecaterimburgo, na Rússia. Era uma plataforma para os líderes dos países se encontrassem e discutissem política e o cenário econômico. Se você lembrar era o período da crise financeira mundial, os BRICS foram uma resposta a essa crise", disse à Sputnik Brasil.

Com o passar dos anos, os objetivos iniciais foram se tornando cada vez mais abrangentes, comenta o diretor da agência, que tem como objetivo divulgar a imagem e oportunidades de educação na Rússia. Segundo ele, o bloco deixou de ser apenas um fórum político e financeiro para se tornar um espaço de trocas culturais, envolvendo a sociedade civil e organizações não governamentais.

"Agora o panorama é completamente diferente, nesses 10 anos, além da entrada da África do Sul, foram criadas varias iniciativas, comissões e grupos de trabalho. Na presidência rotativa do Brasil, os BRICS realizaram muitos eventos importantes na área cultural, como festivais de cinema, que são excelentes para os países se conhecerem melhor, e educação", afirmou Shumilov.

Brasileiros buscam oportunidades de ensino na Rússia

Em uma concorrida mesa no seminário do projeto The Great Teachers of BRICS, o diretor da Rossotrudnichestvo falou para estudantes sobre as oportunidades de ensino na Rússia. "O nome da agência é um pouco difícil", brincou Shumilov, "mas temos projetos muito interessantes de soft power e integração", completou.

"No Jovem Líderes, por exemplo, selecionamos figuras de destaques em áreas como ciência e política para conhecer a Rússia", disse Shumilov à Sputnik Brasil. Segundo ele, existem muitos brasileiros que têm o desejo de estudar no país.

"O governo russo oferece bolsas de estudo, tanto para mestrado como bacharelado. No ano passado foram 47, agora pretendemos aumentar. A procura chega a quase 4 mil pessoas. As áreas mais procuradas pelos brasileiros são medicina, relações internacionais, economia, matemática e tecnologia da informação", explicou. 

© Denis KuckSerguei Shumilov, da agência Rossotrudnichestvo, durante apresentação no evento The Great Teachers of BRICS
BRICS e cultura: muito além das cúpulas de estado - Sputnik Brasil
Serguei Shumilov, da agência Rossotrudnichestvo, durante apresentação no evento The Great Teachers of BRICS

Prova desse interesse é Beatriz Pontes, mestranda em relações internacionais pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e especializada em Rússia. "Os BRICS estão crescendo e se transformando em um bloco cultural. Nada mais natural, pois a economia é feita de pessoas e as trocas culturais ajudam a fazer essa aproximação", afirmou à Sputnik Brasil.

Beatriz foi selecionada recentemente pela BRICS International School a fazer um intercâmbio político e cultural de uma semana na Rússia. "Gostei tanto que quero voltar para ficar", disse ela.

'Integração é mais forte se envolver a sociedade'

O diretor do Instituto de Relações Internacionais e Defesa, Leonardo Valente, disse à Sputnik Brasil que o seminário realizado na Praia Vermelha foi o "pontapé inicial para futuros projetos entre os países dos BRICS, acordos, parcerias e novos cursos e oportunidades de intercâmbio".

Segundo Valente, os processos de integração dos blocos só se tornam efetivos se  envolverem a sociedade. "Se o grupo ficar restrito às cúpulas e aos governos, esse processo é facilmente revertido quando a situação política muda. Agora, se você tem a base da sociedade participando de projetos, a integração fica mais forte. Dentro dos BRICS, há uma disposição grande das universidades de formar redes importantes de cooperação nas áreas científica, tecnológica e cultural. As diferenças entre os países não são um impeditivo para as trocas, pelo contrário, tornam elas ainda mais ricas", afirmou.
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