Poderiam Maduro e Correa ser responsáveis pelos protestos no Equador? Especialista esclarece

© REUTERS / Ivan CastaneiraManifestantes protestam em Equador contra as reformas de Lenín Moreno, 3 de outubro de 2019
Manifestantes protestam em Equador contra as reformas de Lenín Moreno, 3 de outubro de 2019 - Sputnik Brasil
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Protestos no Equador podem levar à destituição do presidente Lenín Moreno do poder e a possibilidade de eleições antecipadas no país não pode ser descartada, diz o professor Viktor Jeifets.

O professor Viktor Jeifets, da cátedra de Teoria e História das Relações Internacionais da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo, disse em entrevista à Sputnik que o governo de Lenín Moreno está enfrentando a crise mais grave de sua história.

"Eu não diria categoricamente que isto vai levar à sua queda, mas agora, pela primeira vez no mandato do presidente, existe a possibilidade de tal cenário. Se tudo correr tal como está correndo agora, eu não descartaria a possibilidade de realização de eleições antecipadas, nas quais Lenín Moreno pessoalmente não terá chance", disse Jeifets.

O professor enfatizou que isso não significa que os representantes do ex-presidente do Equador Rafael Correa e as pessoas que estão por trás dele ganharão, mas Lenín Moreno já teria esgotado seu potencial político.

Culpa de Nicolás Maduro?

Além disso, Jeifets explica que as declarações de Moreno de que a situação tensa no país é causada por pessoas de fora como, por exemplo, o presidente venezuelano Nicolás Maduro, não têm fundamento.

"Eu acho que Lenín Moreno está profundamente errado porque, antes de tudo, eventos semelhantes, talvez não em tal escala, já ocorreram antes no Equador. Não é a primeira vez que os movimentos índios estão forçando as autoridades a ajustar suas políticas.

O professor recordou que em duas ocasiões os movimentos índios exigiram a demissão dos presidentes Lucio Gutiérrez e Jamil Mahuad e, portanto, a situação atual não é inédita.

A sequência dos eventos

É impossível usar os eventos a partir de fora se não houver razões internas profundas, mas elas existem no Equador, disse Jeifets.

O especialista acrescentou que o ex-presidente do Equador, Rafael Correa, estaria interessado em usar esses eventos em eleições antecipadas, nas quais ele poderia ter participado.

Mas, em qualquer caso, Lenín Moreno está apresentando uma sequência errada dos eventos, disse o professor.

"Primeiro, surgiu a insatisfação da população com o pacote de reformas sociais e econômicas, e só depois Correa tentou se aproveitar desta situação", acrescentou.

Protestos em massa

Na terça-feira (8), o Parlamento do Equador decidiu suspender suas atividades em conexão com os protestos em massa que ocorrem em Quito e em outras cidades do país. As autoridades impuseram igualmente o recolher obrigatório nas zonas onde se situam os edifícios públicos e as instalações estratégicas.

No início de outubro, no Equador se iniciaram manifestações de cidadãos insatisfeitos com as reformas econômicas do governo. Outras organizações da sociedade civil aderiram ao setor dos transportes e os povos indígenas se mobilizaram por tempo indeterminado para protestar contra as políticas econômicas do governo.

O presidente equatoriano Lenín Moreno declarou o estado de emergência em conexão com os protestos. Foram detidas 570 pessoas em resultado dos distúrbios.

Moreno afirmou que as autoridades não revisariam o pacote de medidas, incluindo a eliminação dos subsídios à gasolina, acordado com a liderança do FMI, mas expressou sua intenção de se reunir com representantes do movimento dos povos indígenas para discutir suas demandas.

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