Especialista: governo paraguaio entregou segurança do país aos EUA

© AP Photo / Jorge SaenzSoldados do exército do Paraguai (arquivo)
Soldados do exército do Paraguai (arquivo) - Sputnik Brasil
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O governo do Paraguai entregou a segurança do país aos EUA e Donald Trump, disse à agência Sputnik o doutor em direito internacional, Hugo Ruiz Díaz.

Desde 21 de setembro, membros das Forças Armadas guardam todas as penitenciárias no Paraguai, depois que o governo declarou a emergência penitenciária, informou o jornal Última Hora.

Existem até seis tanques instalados na frente de diferentes prisões.

O governo de Mario Abdo Benítez está promovendo um projeto de reforma constitucional que visa conceder às Forças Armadas "uma nova missão" contra grupos de narcotráfico, o que gerou críticas, especialmente de policiais, contra a militarização da segurança pública.

"O governo entregou a segurança paraguaia aos EUA, interna e externamente, assim como a política externa, o país está absolutamente subordinado [...] O responsável pela militarização do país são os Estados Unidos", disse Ruiz Díaz, professor da Universidade Católica do Paraguai, citado pela Sputnik Mundo.

Ruiz Díaz disse que o governo busca aprofundar a "dependência" dos EUA, especialmente no campo da "suposta" luta contra o terrorismo e lavagem de dinheiro.

"Isso torna a situação mais repressiva; por exemplo, o governo levou as Forças Armadas às ruas para controlar civis de maneira absolutamente irracional e absurda, o que só foi visto no Paraguai durante a ditadura militar", acrescentou o acadêmico.

As Forças Armadas possuem uma formação que busca assustar e não defender, acrescentou ele.

"Existem acordos concretos com os EUA e a formação das Forças Armadas está nas mãos daquele país [...] Temos militares controlando as penitenciárias e controlando os cidadãos nas ruas", alertou o entrevistado.

Para ele, uma prova dessa dependência seria o voto "irracional" do presidente Mario Abdo Benítez para invocar o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) contra a Venezuela, de modo a promover uma intervenção militar contra esse país latino-americano.

"Há um interesse dos EUA em ter militares no Paraguai em caso de guerra com a Venezuela [...] as forças militares do Paraguai não têm a capacidade militar necessária para entrar e para atuar como uma força agressiva, mas podem da cobertura a uma futura agressão contra a Venezuela, que responde aos interesses unilaterais dos Estados Unidos", acrescentou.

Em 23 de setembro, os países membros do TIAR decidiram em Nova York iniciar uma operação regional conjunta e coordenada para identificar e processar altos funcionários do Governo da Venezuela e grupos aliados irregulares em Caracas, supostamente envolvidos em corrupção, tráfico de drogas e violações de direitos humanos.

A resolução não foi apoiada pelo Uruguai, que havia esclarecido anteriormente que o TIAR não pode ser aplicado contra a Venezuela, porque este país se retirou do pacto em 2013.

A Venezuela retirou-se do TIAR durante o governo de Hugo Chávez (1999-2013), que advertiu que o instrumento poderia ser usado para uma ação contra seu país.

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